terça-feira, 2 de outubro de 2007

MATO E MORRO

É o primeiro livro de João Fernandes.

Excepcional..

Ainda vou a meio da leitura, página oitenta, mas apetece-me dizer qualquer coisa sobre o que já li. Apetece-me mesmo...

O assunto é guerra no Ultramar. E é aqui que está a grande virtude, porque, sendo a guerra um tema que normalmente agride, o estilo de escrita do autor, trata o tema de tal forma suave que nos leva atrás, para que nos deliciemos com ele. Acontece-me aqui o mesmo que me acontece quando leio as obras do Paul Auster onde igualmente vou atrás.. Palavra de honra.....

Atenção, não sou crítico literário. Digo o que senti ao ler as primeiras oitenta páginas. Quanto a mim o estilo é tudo e é ele que dá ritmo ao texto e o valoriza. De tal forma é assim que até mesmo um palavrão entra bem e tolera-se.

O curioso disto é que não supunha o João Fernandes capaz de escrever isto. Apesar de o João Fernandes que eu conheço estar lá todo. Aquela da bica bem tiradinha é-me familiar.

As personagens ganham uma beleza extraordinária porque são simplesmente muito bem descritas. Esse gajo é maluco e outras citações, têm total enquadramento e o estilo da escrita, coloca-nos a ver claramente as cenas, como por exemplo, a do Nicolau a chorar, com a fotografia da esposa e da filha na mão. Bem como aquele que “cavou” para França, a salto, mas que preferiu vir fazer a tropa em devido tempo. Por causa das miúdas lá da terra também.

“Home” que não vai à guerra não é “home” não é nada...

Esta citação revela que o livro não foi escrito ao acaso. Houve investigação de usos e costumes e é um aspecto que particularmente valorizo. Está muito bem, estou a gostar e recomendo.

Temos escritor.

Parabéns.

João Brito Sousa

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