domingo, 14 de outubro de 2007

AS RAZÕES DA PRIMEIRA REPÚBLICA

(parlamento)
RAZÃO DOS MEUS TEXTOS SOBRE A REPÚBLICA

Vem no JN aqui do Porto, na coluna do povo, ou seja, na página do leitor, um tal Filipe Lobo, a mandar uns palpites acerca do nosso primeiro, esse sacana do Zé Sócrates.

Diz este Filipe que o nosso primeiro está a governar pior que o Santana Lopes e o povo não se esquece das suas promessas vãs.

Ora .. aqui é que bate o ponto. Promessas vãs é deixar tudo na mesma, dizer que vai fazer mas não cumprir com o que se disse e isto é ... (sobre este assunto ler igualmente no JN de hoje a crónica semanal do Manuel Poppe, muito bem conseguida).

Sendo assim, é caso para se perguntar:- o que é que fazemos a uma pessoa que tomou os destinos políticos do País em suas mãos e não se assume, não resolve, prejudica a Nação e ofende os seus concidadãos ao não executar o programa que prometeu pôr em prática?...

Como diz Baptista-Bastos:-"não é este o País que nos prometeram". Enganaram-nos e isto não podemos tolerar.

E porque é que nos enganaram e continuam a enganar?

Será que a resposta poderá vir da indisciplina da primeira República que não assumiu as suas funções com rigor.

Vejamos:

A que propósito se nomeou um Governo Provisório de vigência tão dilatada?... Sabe-se que uma certa ideologia republicana vinha já desde 1820 e que foi nos meados do século XIX que o Republicanismo surgiu como doutrina claramente expressa e com repercussão popular.

Pode concluir-se daqui que o republicanismo era um doutrina com adeptos e aderentes, logo tinha aceitação e devia ter-se preparado melhor essa transição.

Poderá depreender-se daqui nada justificar a continuação em exercício do Governo provisório que já deveria ser definitivo.

O Dr. Braga chefiava esse governo. Era um homem erudito, que já pertencera à geração de 70 e que se mantivera sempre republicano, mas não era um estadista no sentido de ter alguma vez apresentado projectos para uma sociedade futura. Teófilo Braga era um professor universitário com uma obra extensa, já então muito discutida e considerava-se o patriarca do movimento positivista em Portugal.

Era já o presidente do directório do Partido Republicano e exerceu simultaneamente as funções de Chefe de Governo e de Presidente da República até que a futura Constituição indicasse o estatuto e forma de designação do Chefe de Estado.

O Dr. Braga era um homem do pensamento e do conhecimento, sempre agarrado aos seus livros, às suas ideias, à sua obra mas que não teve condições para encontrar estabilidade governativa, existindo toda uma atmosfera anarquizante que parece ter tomado conta do Portugal no início o século XX .

É que o que parece existir hoje ainda; uma atmosfera política de submissão ao capital. Será?...

Foi o Directório do Partido Republicano que escolheu os ministros da primeira República, que deveriam constituir o primeiro Governo provisório. Eram os grandes vultos da campanha republicana: a antiga pasta do Reino, que se denominava agora do Interior, foi entregue a António José de Almeida, considerado pelos monárquicos como o elemento mais anarquista da República; na Justiça, que incluía a delicada matéria das relações com a Igreja ficou o doutor Afonso Costa, na Fazenda o Economista doutor Basílio Teles e por aí fora.

O Governo exerceu o poder em ditadura até ao estabelecimento da normalidade constitucional, com a publicação da nova Constituição, a 21 de Agosto de 1911.

O período do Governo provisório é dominado por duas situações políticas fundamentais: o conflito com a Igreja e a elaboração da nova Constituição.


Em editorial de 29 de Agosto de 1911, o JN do Porto, acerca `a situação do País, refere:

Segundo os nossos colegas da Capital, a situação apresenta-se de tal modo embaraçada e anárquica que ninguém se entende...

Ora aqui está uma luzinha no fundo do túnel...

João Brito Sousa

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