domingo, 28 de outubro de 2007

AO JAIME REIS


COMENTÁRIO AO COMENTÁRIO DO JAIME REIS


“Que saudades.

Nesse tempo , era o tempo em que as pessoas conviviam.

Hoje ninguem convive com ninguem.

Conviver é conhecer o outro.

Não conviver é desconhecer. Desconhecer é desconfiar.

Hoje somos um mundo de desconfiados”.


Jaime Reis


CARO JAIME REIS .

Aqui, no ADF, eu fiz um comentário ao texto do senhor Viegas Gomes, “CAFÉS E TERTÚLIAS”. Depois vem o senhor logo a seguir e deixa esse comentário que está aí em cima.

Não sei se o dito me é dirigido. Sim ou não, não interessa. O que me interessa é discutir essa do “mundo de desconfiados” que o Jaime Reis cita. Porque eu não estou de acordo.
Ter saudades desse tempo é ter saudades do passado. Claro que não é proibido ter saudades do passado.


Mas sobre essa forma de ver as coisas, Fernando Pessoa, é espectacular quando diz:- “ Vivo sempre no presente. O futuro não o conheço. O passado já não o tenho. Pesa-me um como a possibilidade de tudo, o outro como a realidade de nada. Não tenho esperanças nem saudades.


Conhecendo o que tem sido a minha vida até hoje - tantas vezes e em tanto o contrário do que eu a desejara - que posso presumir da minha vida de amanhã senão que será o que não presumo, o que não quero, o que me acontece de fora, até através da minha vontade? Nem tenho nada no meu passado que relembre com o desejo inútil de o repetir. Nunca fui senão um vestígio e um simulacro de mim.


O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.”

Diz o senhor que “Conviver é conhecer o outro. Não conviver é desconhecer. Desconhecer é desconfiar”...

Ora isto pode não ser bem assim. Conviver é ter relações cordiais com outrem, dar-se bem com os outros, compartilhar o mesmo espaço.... e não necessariamente conhecer o outro. Não conviver pode não ser o que o senhor diz, Quanto a mim, não conviver é não desfrutar do prazer de ter relações cordiais com terceiros, não se dar com eles e não partilhar do mesmo espaço com eles e por aí adiante...

Em minha opinião, o convívio das pessoas umas com as outras continua igual.. Só que acontece sob outras formas e locais. Mas não tenha dúvidas que a malta se diverte.

O modelo do convívio e os locais é que mudaram. Desculpe-me a observação e aceite os cumprimentos do

João Brito Sousa

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