sábado, 13 de outubro de 2007

COMENTÁRIO DE UM AMIGO


Porto, 2007.10.13
1) - Caro Amigo JBS,

Embora não o tivesse ainda revelado, já sou visitante habitual do teu "braços ao alto" há algumas semanas. Continuo a ficar espantado com a tua capacidade de trabalho, a abrangência da tua memória e a rapidez com que elaboras as tuas produções literárias, abordando os temas mais diversos e sempre num estilo vivo e cativante.


Este texto sobre os antigos craques do Olhanense é mais uma pérola da tua inesgotável memória, e uma justa evocação desse grande senhor dos pelados (relvados ainda não havia), que foi o Reina.

Em breve voltarei a dar notícias.

Abraço,


Segue-se o texto que escrevi para o Jornal “Os Olhanenses” .


2) - EU GOSTO DE OLHÃO


Passei lá bons bocados e tenho lá bons amigos.

Comecei a ouvir falar mais de Olhão, quando entrei para a Escola Comercial e Industrial de Faro, em 1952. Talvez por caua dos colegas de turma de Olhão, o Joaquim Cruz, o Zé Bartílio e o Humberto Viegas Gomes, esse do Banco Totta e que foi jogador e treinador de baskett.

Parece que nunca tinha visto uma bola quando cheguei à Escola, mas aprendi rápido, porque entre a rapaziada falava-se muito de futebol. Já não jogavam os violinos todos. Agora era o Martins no lugar do Peyroteo e o Hugo no lugar do Jesus Correia. E o Albano também estava a acabar e já jogava um dos Mendonças, o Fernando.

Em 52, os grandes jogadores do Olhanense eram o Santiago e o Del Duca, jogadores argentinos de grande classe. Diziam-me que o Del Duca era melhor que o Santiago. Del Duca, era o pensador de jogo, camisa dez, jogador tipo Deco, enquanto Santiago mais goleador, tipo Nani.

Grandes jogatanas com o Farense, aquilo era de morte. O Russo dos bigodes ou o senhor Manuel, de Faro e que vendia sorvetes à porta da Escola, levava as algibeiras cheias de pedras... e vamos a eles.

Mas a malta de Faro tinha muito respeito pela equipa do Olhanense, sobretudo pelo Reina. O senhor Manuel dos bigodes é que dizia... o Olhanense não tem nada pá; só tem o Reina. Mas o Reina, sozinho chegava para a equipa do Farense, que nesse tempo alinhava com: Rato, Reina, Ventura e Celestino. Bentinho e Fausto Matos. Brito, Balela, Vinueza, Rialito e Queimado.
Mas no Olhanense eram Reina, Santiago e Delduca e mais oito.

Na década de 40, a Argentina tinha aquele ataque maravilha, uma das mais célebres linhas avançadas da história do futebol; a máquina, como lhe chamavam que era constituída por Juan Carlos Muñoz, José Manuel Moreno, Adolfo Pedernera, Ángel Labruna y Félix Loustau.
Del Duca e Santiago eram os restos disso.

Mas o Reina era nosso... filho de Olhão e um talento do catano para jogar à bola. Era quarto defesa e sabia tudo de bola. Jogava à frente do central e era tudo dele. Jogava em antecipação mas a grande arma do Reina era a leitura do jogo que lhe permitia saber onde é que a bola ia cair. O Reina a jogar à bola, parecia o Germano do Benfica, que, já de pantanas, naquela fina de Berna em 62 ganhou 3/ 2 ao Barcelona.

Grande jogador de futebol, este Reina.... melhor a jogar a bola do que eu a escrever crónicas.


Cada um para aquilo que nasce...

João Brito Sousa

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