segunda-feira, 22 de outubro de 2007

HISTÓRIA

(zé povinho)

O PODER E O POVO

De Vasco Pulido Valente

- Lisboa é Portugal - gritou o outro, - Fora de Lisboa não há nada. O
País está todo entre a Arcada e S. Bento.
Eça de Queiros, Os Maias, VI

A base geográfica e social do Partido Republicano

Quando no princípio de 1911, se tornou claro, que o regime republicano, imposto ao país inteiro por uma revolução de Lisboa e não conseguira o apoio da província, muitos conservadores começaram a fazer notar que Lisboa não era PORTUGAL.

No entanto, se, de facto Lisboa não era Portugal, o seu peso relativo aumentara constantemente desde meados do século XIX. De 1878 a 1911 a população total crescera 30.2% . Mas Lisboa crescera 57%. Em 1878 representava 4.5 % da população total e 46.8 % da população urbana, contra 7.3 % e 67 % em 1910.


Em 1900 havia em Portugal três cidades com mais de 20 000 habitantes e quatro em 1910. Mas nesses dez anos só Setúbal com um aumento de 27.2%, se expandira mais rapidamente que Lisboa (18.2 % ). O Porto, que se ficara pelos 13.4 % estagnava. Braga e Coimbra haviam-se mantido praticamente na mesma.

Pelo fim do século, Portugal não passava ainda de um País rural.
Como seria de prever, na capital, a taxa de analfabetismo era substancialmente mais baixa do que a taxa nacional. Em 1911, 75.2 % dos portugueses não sabiam ler nem escrever, ao passo que os lisboetas analfabetos não chegavam a 38%. Até o Porto com uma taxa d 51.5 %, ficava muito atrás.

Lisboa não era comparável a nenhuma cidade do País. Não apenas pelo facto de ser maior que todas as outras juntas, mas porque constituía uma combinação única de metrópele moderna e centro tradicional de comércio e indústria.

O Porto por exemplo, embora tivesse uma percentagem muito menor de médicos, advogados, funcionários públicos e outras pessoas qualificadas, dispunha de uma indústria sensivelmente mais concentrada.


Em 1903 o PRP atravessava a sua maior crise de sempre. As comissões paroquiais de Lisboa estavam incompletas, ou, seja, na maior parte das freguesias o Partido simplesmente não existia.

A revolta do grelo apanhou o PRP desprevenido., impotente para «atear o fogo» E até para o aproveitar.

João Brito Sousa

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