quarta-feira, 17 de outubro de 2007

CRÓNICAS SBRE A 1ª REPÚBLICA


1) UMA FIGURA DA REPÚBLICA


1.1) - BERNARDINO MACHADO

È um homem de aço. Cansa toda a gente; extenua toda agente – e teima até à morte. Promete tudo – falha a tudo. Não faz nem deixa fazer. Mas, como um velho moinho de café, não cessa de moer e remoer palavras sobre palavras. No Ministério dos Estrangeiros ainda hoje se fala com espanto e terror desse homem que só ao romper da manhã levava os secretários, meio mortos, para casa, cumprimentando ainda ao sair, com afabilidade os puxadores das portas – e os dois ovos estrelados que ele lá esqueceu entre a papelada oficial e que, com o leite, constituem toda a sua alimentação.

(Raul Brandão, in Memórias III)


2) CONSEQUÊNCIAS DO TRABALHO DE AFONSO COSTA

Dentro do Partido Republicano as bases mais fervorosas a legislação publicada contra a Igreja despertou o maior entusiasmo, sendo o Ministro delirantemente aplaudido quando aparecia em Público.
Uma vez, quando regressava do Norte, a multidão carregou-o aos ombros, entre ovações incessantes, desde a estação do Rossio até ao Ministério da Justiça, no Terreiro do Paço.
Os partidários mais moderados alarmavam-se como ímpeto dos acontecimentos e defendiam a necessidade de moderação, realização dos programas da República progressivamente, cujo maior representante desta facção foi António José de Almeida, que era Ministro do Interior e cuja atitude passou de um radicalismo extremo para uma atitude de tolerância o que lhe valeu cerradas críticas.

Daqui gerou-se uma cisão no Partido Republicano surgindo o Partido Evolucionista. Alguns republicanos entenderam que esta cisão enfraquecia o Partido Republicano e, baseado na unidade, união entre todos, vieram a criar o Partido dos Unionistas com o doutor Brito Camacho à cabeça.

João Brito Sousa

Sem comentários:

Enviar um comentário