quarta-feira, 31 de outubro de 2007

A AMIZADE

(o margelino `a gitarra e eu na Lunda norte, angola, in illo tempore)


A AMIZADE

Para todos os meus amigos

È aquilo de que o mundo precisa. Anda arredia a amizade. Mas vale a pena lutar por ela. Podemos perguntar como fazer para se conseguir tal e podemos responder dizendo que a amizade é querer. Se todos quisermos podemos criar e consolidar uma amizade. E é tão fácil fazer isso se nós quisermos, claro.

Não é nem deveria ser uma ideia adiada. Acho que todos nós deveríamos encarar esta componente da vida como um desafio constante na contínua procura do bem estar que se deseja. Olhando para fora de portas o que se consegue ver é o antídoto desse sentimento nobre. Mas porque não cultivamos essa possibilidade de ser felizes e enveredamos pelo caminho da violência? Parece que alguém se esqueceu de nos dizer que é, pelo menos, mais útil e mais salutar ser amigo, dando um pouco do nosso amor aos outros em vez de sermos um qualquer desgraçado que sofre.

Sim, porque aquele que maltrata sofre, só aparentemente é feliz, porque não desfruta da tranquilidade necessária para ver beleza no céu azul, no cantar de um melro, no sorriso de uma mulher... em suma, não recebe amor Tão carenciado que o mundo anda de amor... tão ausente desse mundo anda um gesto amigo, tão distante que está uma palavra de esperança. Olhemo-nos olhos nos olhos, bem lá no fundo e, se for possível, digamos uns aos outros que queremos ser solidários.

E nunca digamos não. E usemos a palavra amigo... ou utilizemos sempre que possível a expressão, “meu irmão”. E sejamos francos e não sejamos invejosos. Sintamos nas nossas relações a amizade que procuramos.. Como eu senti há dias, no regresso de férias, quando mandei uma mensagem a um amigo e ele respondeu-me assim:- boa viagem meu amigo. E a resposta doutro ainda:- milhões de felicidades para o casal LINDO.

É claro que estas pessoas que me mandaram as mensagens que referi, são pessoas cuja idoneidade eu conheço bem, com provas dadas no campo da sinceridade da vida, homens que venceram, mas que dispõem de uma particularidade; nunca se esqueceram daqueles que nunca venceram apesar de tudo terem feito para isso. É que esses também existem e têm direito ao sorriso de um vencedor.

No fundo, o modelo que deveríamos seguir era o de nos considerarmos todos vencedores, mas com uma condição:- sermos dignos. Um homem digno é o homem que tolera, é o homem que acredita, é o homem que se disponibiliza, é o homem que observa e consegue ver. E é diferente.

Porque pára no caminho e corrige a direcção da marcha do seu camarada. E até pode dizer-lhe:- esta noite pago eu. Sem outro objectivo que não seja o de amparar um seu colega de caminhada nessa por vezes tortuosa estrada da vida. Vida... essa mesma vida que, muitas vezes, não pode ser vivida sem competição. Competição e luta... dura mas saudável. Ninguém exija de si próprio mais do que aquilo que possa dar.

Não seja ambicioso porque isso é mau. Seja amigo de si próprio. Comece em si e consigo a desenhar esse percurso que o destino lhe trouxe e levante sempre a cabeça. Não vergue porque não é bonito nem digno. A dignidade tem beleza e é o homem digno que tem a nossa amizade, esse sentimento de pureza que nos faz ser melhor.

A amizade é um sentimento que deveria perdurar até entre pessoas que não se conhecem. E isso aconteceu com um amigo meu que colocou um anúncio no jornal a pedir trabalho, engenheiro oferece-se para a direcção de trabalhos de construção civil. O homem que venha amanhã, disse o leitor do jornal a alguém que estava por perto e que se deveria encarregar do contacto. A amizade surgiu por circunstância mas surgiu. Devemos fomentar o auxílio nas mais diversas situações.

E devemos ser correctos e gratos. A amizade exige gratidão e reconhecimento. Só assim seremos livres. A liberdade constrói-se em cima da amizade. Esta dá o primeiro passo. Uma vez construída, solidifiquemo-la. É e será sempre uma arma. E é um alicerce fundamental para construir o amor.

Sem amor nada se faz porque sem ele nada tem sentido. Mas entendamos aqui o amor como o sentimento da aproximação entre as pessoas e os povos. E nunca nos arrependamos de bater nesta tecla, porque aquilo que nos é dado observar é precisamente o contrário. A amizade só pode gerar amizade e o amor só pode gerar amor.

Há quem confunda amor com autoridade, até pode ser, o que não poderá ser é confundir amor com violência. E às vezes confunde-se tal porque não é fácil dizer não. Ao filho que vem da escola naquele dia em que as coisas lhe correram mal há a tendência para se tratar mal o professor em detrimento do filho.

É evidente que filho é filho, que deve ter todo o nosso amor , carinho e amizade mas o que não deve ter é a nossa protecção excessiva. Podemos muito bem ser-se amigo dizendo não. O amigo não é aquele que facilita mas sim aquele que corrige. Desde que saiba, claro. E ser amigo não é preciso ser-se aquele homem ou mulher bonzinho ou boazinha. Ser amigo é sobretudo ser justo.

E falar claro para que toda a gente perceba. Desde a chegada ao mundo que nos rodeia até ao momento presente de cada um e perante as situações que nos surgem, ajamos face a essas situações com aquilo que nos ocorra no momento, devendo ter em atenção que a atitude tomada deve encher-nos de orgulho.

Precisamos de nos sentir felizes. Sempre que possível. A nossa estadia por cá, actualmente está carregada de inveja e ciúme. São características negativas do nosso carácter. É pena dizer isto mas é verdade.

O ter supera o ser. É mais importante ter não importando mesmo a forma como se obteve esse algo. Aldrabando... é possível. Não devemos alterar as regras de boa coexistência estabelecidas.

Devemos isso sim reforçá-las. É fundamental unirmo-nos.

João Brito S ousa

1 comentário:

  1. Meu Caro Amigo João Brito Sousa:
    É sempre fantástico seguir os seus textos e ir percebendo a sua "filosofia de vida"... Parabéns!...

    À semelhança do que manda a boa educação, quando se vai jantar a casa de Amigos, levar algo que simbolize a gratidão e a honra do convite - por exemplo uma garrafa de um bom vinho, permita-me que humildemente lhe entregue um litro de uma colheita recentíssima, produzida agora por mim próprio e por isso, sem a qualidade que só os especialistas conseguem... Mas asseguro-lhe que tem rigoroso controlo de uma entidade completamente isenta - o coração...

    Bruma de escrever

    Amigo João Brito Sousa:
    Nestes espaços virtuais
    Onde se manifestam expressões
    Há por vezes ligações
    Correntes que se entrelaçam
    Num esgrimir de ideais
    E num prazer que pousa
    Nos jogos que esvoaçam
    Das palavras e dos sons
    Na partilha de uma Arte
    Que se inspira em vários tons
    E expirada sai… Mas já não parte!

    Nosso encontro é neste Universo
    Há alegria no ar!
    Há convicções de Amizade!
    Na deslumbrante bruma de escrever
    Quer seja em prosa ou em verso
    Em uníssono, será com verdade
    Clara serenidade ao vislumbrar…
    Firme profundidade no entender…

    Roberto Afonso

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