sexta-feira, 19 de outubro de 2007

LITERATURA

(vergílio ferreira)


Li VERGÍLIO FERREIRA com alguma dificuldade, mas de qualquer maneira retirei de ”Em Nome da Terra”, talvez a sua melhor obra, algumas notas, interessantes.

Diz o autor

“Não se pode amar quando se quer, deves saber, minha querida, a vida aprende-se devagar”...


O MEU COMENTÁRIO

Bem, não sei se será bem assim. Eu acho que se pode amar quando quisermos; se houver motivação e pessoa amada. É claro que terá de haver estes dois ingredientes.

Há aqui um problema que é saber-se qual é espécie de amor contido na expressão “não se pode amar”. Porque a estupidez do homem, quando se fala em amor, é logo de natureza sexual.. Eu não sou especialista na matéria mas o Júlio Machado Vaz é.

E ele diz: o AMOR É QUERER BEM.

Portanto, partindo desta máxima do Júlio Machado Vaz, subscrita inteiramente pelo cantor Jorge Palma, quando canta

Encosta-te a mim;
Não entendo o teu olhar...
Mas...quero-te bem

Está aqui a forma mais límpida de amar que é querer bem ao outro. E esta forma de amor podemos pô-la em prática quando a quisermos... ou seja ... sempre.

As palavras de Virgílio devem ter sido escritas na direcção do amor sexo, o que é pena que assim tenha sido, porque o desempenho sexual, é apenas a satisfação de uma necessidade fisiológica no momento em que se reuniram as condições para tal fim.

A palavra AMOR, exige de nós todos o respeito que devemos ter com qualquer outra situação normal da vida quotidiana, nem mais nem menos. Gostava que a palavra amor fosse utilizada na sua extensão máxima, seja, que contivesse todos os ingredientes necessários para se poder falar efectivamente de amor E só existe amor na palavra amor, quando ela estiver carregada daquilo que normalmente chamamos de respeito, carinho, ternura, dádiva, entrega, desinteresse material e coisas assim....

A vida aprende-se devagar?

Talvez sim.. será uma aprendizagem mais consistente.... talvez....


João Brito Sousa

1 comentário:

  1. Amar

    Amar é um verbo de difícil conjugação. Difícil, não na sua forma gramatical pois trata-se de um verbo da primeira conjugação e os primeiros são sempre os melhores - entenda-se mais fáceis - , mas difícil na sua forma de pôr em prática. E aí, Vergílio Ferreira tem toda a razão. Não se pode amar quando se quer!

    Qualquer que seja a assunção em que se queira tomar aquela asserção - fazer sexo ou experimentar sentimentos - ela será sempre verdadeira. Penso que no caso ele, o escritor, utiliza amar no sentido de fazer sexo. E, neste sentido, infelizmente, todos sabemos que ele tem razão. Para o acto sexual não basta apenas a vontade, o querer. É imprescindível poder. Aqui reside a primeira dificuldade em conjugar o verbo amar.

    Tomada na a sua outra vertente, amar, como experiência de sentimentos, também não acontece por obra da vontade. Não basta querer para se amar alguém. Amar é um acto tão irreflectido quanto involuntário. Amar é acontecer. Amar é a surpresa do sentimento que brota do mais íntimo daquele que ama sem que para tal tenha accionado a força da vontade. Amar é algo que nasce sem ser semeado.
    Amar é...
    Amar é gerar um tumulto de complicados sentimentos, de imprevisíveis consequências, que podem ir da experiência da mas alta felicidade ao mais caótico dos infortúnios. Por isso a sua outra dificuldade em conjugar tal verbo.

    Mas amar é bom! Amar o amado, o próximo, o amigo.
    Que a vida seja levada num permanente acto de amar!

    Arnaldo silva
    Felizmente reformado

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