segunda-feira, 22 de outubro de 2007

CRÓNICAS DA 1ª REPÚBLICA


ALGUMAS NOTAS


Bombas atentados, pancadaria, sabotagens, intentonas, revoluções. É tempestuosa a rotina política nacional nos primeiros anos da Republica.

É um facto que a violência política e a instabilidade permanente já vêm da Monarquia e não são exclusivos nacionais. Mas a insegurança atinge agora níveis inimagináveis. É também verdade que, apesar dos 29 governos destes 10 anos, se pode traçar certa continuidade em torno do republicanismo em geral e dos democráticos de Costa em particular..

A contestação é porém permanente seja ou não pelas armas: dos católicos, que pelo País marcham em procissão contra a lei da separação entoando «Queremos Deus que é nosso Rei; queremos Deus que é nosso Pai», dos Monárquicos, que tentam incursões armadas; das facções republicanas, cada um com o seu batalhão de fiéis armados, dos Oficiais do exército descontentes com a indisciplina introduzida nos quartéis pelo 5 de Outubro; e pelas associações de trabalhadores dominadas pelo anarco-sindicalismo.

Acima da disciplina partidária, preza-se o individualismo o que torna difícil aos próprios partidos dirigir as próprias bancadas parlamentares, que, mais do que seguir directivas, gostam de exibir rebeldia. Nas casernas, estas ideias degeneram em subversão da hierarquia, civis a darem ordens e soldados, sargentos e oficiais subalternos a mandarem mais do que os oficiais superiores (os quais, para serem obedecidos, têm ainda de exibir atestado de republicanismo).

Aberto o conflito com a Igreja católica, a primeira guerra da República é com os monárquicos. Agrupados em torno do Correio da Manhã, os adepto do Regime deposto desistem da via legal quando a redacção do jornal é assaltada e destruída pela plebe em 1911 e as autoridades previnem os redactores que não garantem a sua segurança. Os monárquicos emigram para Espanha donde passam a montar a conspiração.:

O novo regime resiste com facilidade, mas os ataques monárquicos exaltam os ânimos em Lisboa. Costa mobiliza a rua contra debilidades que atribui ao Governo e exige uma política de intransigência. A multidão apoia-o, ao gritos de «viva o dr. Afonso Costa! Abaixo o Bloco! Morra o António José de Almeida!» Almeida considerado um bocado brando é agredido no rossio por Afonsistas, que ameaçam dar-lhe um tiro na cabeça. A rua, tanto no Porto como em Lisboa está em mãos afonsistas. Há emissões de governantes e os democráticos reforçam posições no poder. Por fim é o próprio Costa que se torna primeiro-ministro em Janeiro de 1913.

João Brito Sousa

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