sexta-feira, 12 de outubro de 2007

LITERATURA




O escritor JOÃO FERNANDES.


Depois de nos ter brindado com uma obra corajosa, MATO E MORRO, narrando a GUERRA em África, assunto bastante delicado mas donde se saiu muito bem, aí temos JOÃO FERNANDES a pôr de novo no papel, narrativas passadas em África.

O João deu-me umas páginas para ler e, não sendo eu nem de perto nem de longe um crítico literário, ocorre-me dar uma opinião sobre o que li, na óptica apenas de seu leitor.

Para mim, um escritor é aquele que, através da escrita, me transporta para o seu mundo literário, ou seja, aquele que me introduz dentro da história e dos ambientes que a envolvem. E neste sentido o João Fernandes é brilhante; vou atrás dele para todo o lado e parece que também conheço aquela gente toda e tudo o resto.

Outra coisa boa que quanto a mim o João possui é a intensidade do ritmo. Na escrita do João não há quebras e a velocidade é muito boa.

Nunca gostei de Mário Soares politicamente, claro. Mas nunca coisa rendi-me à evidência. É que sendo ele um homem que produz 4/5 livros por ano, não se considera um escritor.

E surge aqui o saber-se o que é um escritor?...

Para a minha mulher, que domina a literatura nacional e estrangeira, escritor é aquele que nos acrescenta, através da leitura das suas obras, mais ensinamentos para nos tornar um ser humano melhor...

Para mim, escritor é quase a definição anterior. Mas eu diria que escritor é aquele que me coloca problemas e me põe a pensar. Por exemplo, Baptista Bastos, (um dos meus escritores preferidos, apesar de reconhecer que tem estofo apenas para duzentas páginas) diz-me coisas assim (que retiro dos meus apontamentos), no decorrer das suas histórias: ”não é este o mundo que me prometeram..”. . .

Torga dirá:” O silêncio dos melhores é cúmplice do alarido dos piores”...”Uma revolução acontece como acontece um poema”...Sabemos que tanto no particular como no geral, raramente o alcançado corresponde ao desejado. É uma lei da vida...

Camilo Castelo Branco dirá: “... a curiosidade dessa gente não te faz mal mas também não te honra.” ...“... que não fosse ambicioso, como a gente ordinária” “... marido vulgar: sentiu ciúmes e espreitou” ...“ ... entre 1846 e 1856, o amor no Porto era um contágio sagrado” ...”“...os quadrilheiros da comarca” .. “...isto aqui não é Fafe, onde a justiça diz “ nós e el-rei”...

Portanto, para mim, escritor tem de ser diferente para melhor. Tem de ser um artista. Que é o que eu acho já que o João Fernandes é....

João Brito Sousa

Sem comentários:

Enviar um comentário