terça-feira, 16 de outubro de 2007

A PRIMEIRA REPUBLICA


O TRABALHO DE AFONSO COSTA

Afonso Costa era o Ministro da Justiça que dirigiu pessoalmente o delicado processo de relações com a Igreja e o ataque às instituições religiosas. Assim, no dia seguinte à revolução, começaram os assaltos aos Conventos. O Ministro da Justiça promete que todos os frades serão presos. Ele próprio interroga, num quartel onde mandou levar, o Cardeal Neto.

Em 13 de Outubro já há 128 sacerdotes e frades presos no Forte de Caxias, onde o Ministro Afonso Costa vai pessoalmente fazer os interrogatórios policiais. Noutros locais o povo enfurecido arrombou os portões dos Conventos: nas Trinas, no Quelhas, no Colégio da Companhia de Jesus em Campolide e em Arroios dois padres que não puderam fugir foram assassinados.

Em muitas outros lugares as residências das congregações religiosas foram assaltadas e os padres conduzidos de baixo de escoltas militares às cadeias. Afonso Costa estava convencido de que o principal obstáculo a uma adesão profunda do País à República era a resistência surda que a Igreja ainda mantinha.

Aproveitando o período da ditadura, o Ministro anunciou, num discurso que proferiu no Grémio Literário em 21 de Março de 1911, a publicação de uma lei radical, que veio a público a 20 de Abril seguinte, em virtude da qual, afirma, “em duas gerações Portugal teria eliminado completamente o catolicismo, que foi a maior causa da desgraçada situação em que o País caiu”....

A crise desencadeada por essa lei, separação dos poderes da Igreja e do Estado, é um dos factos mais negativos do Governo provisório, uma vez que a elaboração da nova Constituição estava na fase terminal e Afonso Costa poderia ter esperado pela abertura do novo Parlamento para apresentar a sua lei, que era intencionalmente dura e de drástica violência.

De uma penada o Estado declarava-se o único proprietário dos templos, passais e de todos os edifícios religiosos, extingue as verbas para o culto, manda entregar às Juntas da paróquia os recheios mobiliários e aos museus os objectos de valor histórico ou artístico

Afonso Costa via na Igreja uma perigos associação de malfeitores, resultando daqui a mobilização de opiniões conservadoras contra o novo regime, chegando-se mesmo a temer uma contra-revolução. Grupos de civis, da Carbonária, com munições e armas do exército, revezavam-se nas encruzilhadas das ruas em missões de vigilância. As cadeias enchiam-se de ”suspeitos” Monárquicos e muitas famílias procuram então refugiar-se fora de Portugal, em especial na Galiza

João Brito Sousa

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