quinta-feira, 18 de outubro de 2007

PORTO e LISBOA ou LiSBOA e PORTO

(estação s. bento)

Residindo eu no PORTO há dois anos e tal, tenho constatado que essa coisa do PORTO/ LISBOA não existe apenas no ciclismo mas sim em diversas áreas da cultura portuense, isto, sem falar de futebol.

Estou na biblioteca Almeida Garrett onde venho todas tardes. Gosto devir aqui porque assim posso conviver com os estudantes que por aqui andam, posso utilizar os computadores e a Internet, posso consultar livros .. enfim .. passo aqui duas horas agradáveis.

Tenho aqui à minha mão uma tese de doutoramento em História de Arte, apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, 1985, sobre "O Palácio de Cristal e a Arquitectura do Ferro no Porto em meados do século XIX".
Sobre uma exposição a fazer aqui no Palácio em 1865, pode ler-se napágina 15.
" Pode dizer-se que em 1861, os objectivos da nóvel sociedade eram um conjunto de promessas aliciantes, em 1865, elas estavam genericamente cumpridas mesmo que para tal, tivesse sido necessário lutar com enormes dificuldades e vencer inúmeras resistências e más vontades tanto no Porto quanto no País, sobretudo provenientes da capital.

A cidade do Porto,do já tão afamado e conhecido pela excelência do vinho do PORTO, apostava forte nesta realização. Lisboa, ao que parece não apoiou essa exposição.

Latino Coelho, página 39, questionava no Jornal de Comércio de Lisboa:
«... Tem Portugal a categoria industrial suficiente para pretender para si a proeminência da direcção? Tem a sua indústria progredido tão notavelmente que possa afrontar desde já a indústria de França e Inglaterra? Esta como se vê é uma atitude contra o Porto.
Já Pinheiro Chagas, chamado a intervir, apesar de expressar também dúvidas acerca da viabilidade da exposição, julgou oportuno apelar aoPaís e especialmente a Lisboa que colaborasse com o Porto.

Por outro lado,

No editorial de 29 de Agosto de 1911, no Jornal de Notícias do Porto, relativamente à situação política corrente, pode ler-se: Segundo a maioria dos nossos colegas da Capital, a situação apresenta-se de tal modo embaraçada e anárquica que ninguém se entende e que nenhum asserto categórico se pode formular neste meio atribulado....

E vem que o Porto não é contado em tudo isto para nada. As doutrinas, as opiniões, os sentimentos do Porto não pesam, nem um grama na balança da política. Estamos fartos de o dizer.

E continua...

Quando é que o PORTO será declarado maior a não ser para o pagamento das contribuições e impostos? Ninguém sabe, o que se sabe é que o Porto continua a ser humilhado na sua história de povo livre.

A Capital ou quem nela comanda entende que só a sua opinião deve ser ouvida e atendidos só devem ser os seus interesses. O resto do País é rebotalho que se despreza, é arraia miúda que se não atende...

Em linhas gerais, são estes os tópicos retirados do livro de José Coelho de Sousa, acerca da primeira exposição no Palácio de Cristal e da Historia de Portugal, a primeira República de José Hermano Saraiva.

Há mais de cento e tal anos que o Porto reclama. E será que é caso para continuar a reclamar..... a clamar.... a não sei quê.?... será?...

Esse sentimento de revolta continua. SERÁ JUSTO ISSO?....
QUEM SE PRONUNCIA?:..

João Brito Sousa

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