quinta-feira, 4 de outubro de 2007

AO ZÉ MARIA OLIVEIRA


AO ZÉ MARIA OLIVEIRA


Encontrei o Zé Maria Oliveira na esplanada do café Aliança há sensivelmente um mês. Não o via há aí uns quarenta anos mas o Zé, em duas ou três penadas, ainda mostrou que é um dos maiores. Agora, vejam bem, anda ligado ao fado e à música do fado.

Mas ontem disseram-me outra coisa. Que o Zé Maria tinha adoecido e que tinha estado, esteve ou ainda está ligado à máquina, devido a uma broncapneumonmia, ou lá o que é.

Em minha opinião o defesadefaro tem o dever de acompanhar o estado de saúde do Zé Maria e fazer tudo o que estiver ao seu alcance, para manter o Zé Maria no mundo dos vivos Porque o Zé Maria é um talento da cidade de Faro e como tal, é um homem ligado desde há muito tempo ao mundo da cultura.

Quer seja na literatura, na escultura, na música ou em qualquer outra forma de expressão artística, o Zé Maria dá cartas. Ouvi-lo falar dissertando sobre a filosofia dos gregos ou quaisquer outros filósofos, clássicos ou modernos, o Zé Maria tem sempre aquele charme do chamado homem culto.

Nesse dia na esplanada do ALIANÇA, estivemos eu, da Escola Comercial e os restantes, o Adolfo do APCGORJEIOS, o Custódio Justino do Patacão (o homem que eu conheço que conhece mais pessoas no mundo), o Vedes, os Varelas, que eram todos elementos do Liceu contemporâneos do Zé.

Nesse encontro de amigos, o Zé Maria foi o último a chegar... mas encantou. Disse-me que tinha dois contos para eu ler e que mos iria enviar. Ainda não os recebi...

Será que já desligaram a máquina?. Mas e o Zé?... safou-se ou não? Eis a pergunta que quero ter resposta....

Imediatamente.


João Brito Sousa .

.

2 comentários:

  1. As máquinas e a Vida

    Não conheci o Zé Maria. Ou, se o conheci, não consigo lembrar-me de quem se trata. Talvez que a minha condição de "outsider" da cidade de Faro não me tivesse permitido um contacto mais próximo com todos os "costoletas" daqueles tempos de estudante; talvez que o compromisso diário com os hórários dos comboios que me conduziam de volta a casa não me concedessem muito tempo para outros devaneios que não fossem o encaminhar-me para as bandas da via férrea. Talvez que o facto de ter arribado àquela cidade já em idade avançada - estava no 4º. Ano - me tivesse coartado aquela convivência da idade infantil, onde se começam a cimentar os conhecimentos de toda uma geração.
    Talvez...
    Não importam essas razões.

    O que me importa neste momento e no "a propósito" da crónica do Brito são estas coisas da vida que se vão desenrolando a nosso lado e que não permitem a nossa indiferença, não consentem o seu conhecimento com a frieza duma desejada ignorância, antes pelo contrário, nos forçam a uma concentração, meditação e interrogação sobre as razões e os porquês dessas coisas.

    O Zé Maria esteve ou está ligado "à máquina"! Primeira reflexão: o Homem teve a capacidade de criar uma máquina para contrariar a força evolutiva das contingências da vida!

    Segunda reflexão: neste caminhar para uma provecta idade, as notícias do sucedido ao Zé Maria vão-se sucedendo e alargando cada vez mais ao nosso círculo de amigos e conhecimentos, obrigando-nos a meditar no inevitável, recordando como é efémera a passagem por esta via.

    Terceira reflexão: a certeza de que o fim é inevitável. E a incerteza do quando e como, bate sempre à nossa porta com mais força quando notícias assim, como as do Zé Maria, chegam ao nosso conhecimento.

    A vida é para ser vivida! Por ela, por nós, para nós. A inevitabilidade do fim não pode e não deve permitir uma interferência no "modus vivendi" que nos foi permitido escolher e adoptar para o evolucionar nesta passagem terrena.
    A certeza de que tudo vai terminar, num dia anunciado ou não, nunca deverá ser motivo para que deixemos denegrir a alegria de se estar vivo! Tampouco deverá contribuir para o enfernizar do dia-a-dia a que temos direito!
    Apesar de tudo, estas notícias, como a do Zé Maria, despertam sempre o sentimento adormecido de que aquele dia também chegará para nós como consequência incontornável do facto de estarmos vivos. E vivemo-las duplamente: por simpatia para com o infortúnio de terceiros e pelo sobressalto de pensar que um dia a nossa hora chegará igualmente.

    Quando? Não vale a pena pensar nisso!

    E que se não pense! Jamais!

    Arnaldo silva
    Felizmente reformado

    ResponderEliminar
  2. PORTO, 2007.10.05

    Meu caro SlLVA,

    Um belo texto de apoio ao Zé Maria, que, no meu conceito é um artista completo.

    O Zé Maria ligado à máquina ou não será sempre um dos nossos. Mas não é costoleta; É BIFE.

    Talvez por isso não o conheças. Mas conheço-o eu por ti, deixa lá... o que me impressionou foi a força do texto que elaboraste a propósito do Zé Maria.

    Aí vai um abraço do

    Brito Sousa

    ResponderEliminar