(baía de Landa)
OS EFEITOS DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA NO ULTRAMAR PORTUGUÊS.
EM ANGOLA
OS EFEITOS DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA NO ULTRAMAR PORTUGUÊS.
EM ANGOLA
No Ultramar português, nos últimos anos da Monarquia, a realização de eleições para deputados às Cortes ou para as vereações camarárias proporcionava ainda oportunidades que as consciências mais decididas aproveitavam para criticar a administração e com ela os responsáveis pelos atropelos mais gritantes dos direitos dos cidadãos.
Embora os candidatos a deputados fossem geralmente "proclamados" pelo Governo da Metrópele e sem oposição, sendo eleitos no meio do desinteresse geral e utilizando o recurso à fraude (as ambacadas na gíria local), foi neste quadro formal que os colonos e os "filhos do país" eram chamados a cumprir um ritual na realidade pouco decisivo para a sua existência.
È nele porém que devemos procurar uma expressão significativa de consciência crítica no final do século XIX, face à actuação de outros cidadãos, de governadores e de deputados.
Com alguma frequência, também os porta-vozes da burguesia colonial manifestavam opiniões discordantes da política definida por Lisboa. Durante o período crítico de 1890-1892, o Governo colonial foi confrontado com uma conspiração de colonos abastados, capitalistas e advogados que pretendiam criar uma república separando-se de Portugal.
Os seus protestos incidiam fundamentalmente sobre a falta de autonomia financeira da colónia, o transporte de degredados paraAngola, a má gestão dos seus interesses económicos, a negociação da fronteira Congo-Angola, a questão laboral e o recrutamento de serviçais por agentes belgas.
Entre os debates públicos que agitaram o ambiente político local refira-se a questão do álcool, que entre 1905 e 1910 que congregou os interesses mercantis e agrícolas devido à restrição da venda de aguardente produzida em Angola, quer onerando-as com impostos quer proibindo finalmente a sua venda em cumprimento de uma determinação internacional.
Em 1902 e em 1906, membros da influente Associação Comercial de Luanda(fundada em 1863) pediam ao governo geral a autonomia indispensável à defesa dos seus interesses, sendo a campanha então largamente apoiada pela imprensa local republicana.
João Brito Sousa
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