quarta-feira, 10 de outubro de 2007

A REPUBLICA E O ULTRAMAR

(baía de Landa)

OS EFEITOS DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA NO ULTRAMAR PORTUGUÊS.

EM ANGOLA


No Ultramar português, nos últimos anos da Monarquia, a realização de eleições para deputados às Cortes ou para as vereações camarárias proporcionava ainda oportunidades que as consciências mais decididas aproveitavam para criticar a administração e com ela os responsáveis pelos atropelos mais gritantes dos direitos dos cidadãos.
Embora os candidatos a deputados fossem geralmente "proclamados" pelo Governo da Metrópele e sem oposição, sendo eleitos no meio do desinteresse geral e utilizando o recurso à fraude (as ambacadas na gíria local), foi neste quadro formal que os colonos e os "filhos do país" eram chamados a cumprir um ritual na realidade pouco decisivo para a sua existência.

È nele porém que devemos procurar uma expressão significativa de consciência crítica no final do século XIX, face à actuação de outros cidadãos, de governadores e de deputados.

Com alguma frequência, também os porta-vozes da burguesia colonial manifestavam opiniões discordantes da política definida por Lisboa. Durante o período crítico de 1890-1892, o Governo colonial foi confrontado com uma conspiração de colonos abastados, capitalistas e advogados que pretendiam criar uma república separando-se de Portugal.
Os seus protestos incidiam fundamentalmente sobre a falta de autonomia financeira da colónia, o transporte de degredados paraAngola, a má gestão dos seus interesses económicos, a negociação da fronteira Congo-Angola, a questão laboral e o recrutamento de serviçais por agentes belgas.
Entre os debates públicos que agitaram o ambiente político local refira-se a questão do álcool, que entre 1905 e 1910 que congregou os interesses mercantis e agrícolas devido à restrição da venda de aguardente produzida em Angola, quer onerando-as com impostos quer proibindo finalmente a sua venda em cumprimento de uma determinação internacional.
Em 1902 e em 1906, membros da influente Associação Comercial de Luanda(fundada em 1863) pediam ao governo geral a autonomia indispensável à defesa dos seus interesses, sendo a campanha então largamente apoiada pela imprensa local republicana.

João Brito Sousa

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