sábado, 20 de outubro de 2007

CRÓNICA EM QUINZE MINUTOS


Outubro, 20


Estou numa fase da minha vida que tanto faz ser sábado como domingo como segunda feira ou outro dia qualquer.
Levanto-me cedo e pelas 6,5 ou 7 horas da matina já estou a fazer a barba. Aqui na cidade as coisas são totalmente diferentes do que foi a minha vida no campo, ao tempo da minha juventude.

Fazer a barba aos meus dezassete anos era uma coisa engraçada. Pegava no espelho velho que lá tinha, mais o pó de sabão, mais o pincel e a lâmina de barbear e dirigia-me para a laranjeira que ficava estacionada ao pé do tanque da rega. Era aí que fazia a primeira higiene colocando o espelho apoiado num ramo da árvore.

Enquanto me barbeava, como era muito cedo, ouvia os galos a cantar em redor, e eu próprio me armava em galo e cantava com eles ao desafio.

Tenho saudades desses tempos.

Aqui, na cidade, vida é diferente e não há galos.

São dez horas e vou até ao café. À noite tenho o Benfica /Setúbal....

Um bom sábado para todos são os votos do

João Brito Sousa

2 comentários:

  1. Fazer a barba

    Em tempos de outrora, por aí nos anos cinquenta do século findo, a operação de fazer a barba era quase uma pesada tarefa.
    Habitações de então, com casas de banho, quando as havia, com condições muito precárias, a começar pela ausência de água canalizada, tornavam a vida dos seus habitantes, nas suas variadas cambiantes, muito complicada. A falta de águas correntes, forçava a que se carregasse com recipiente de água para o local onde iria decorrer a operação. Uma bacia, normalmente de "esmalte", muitas vezes montada num lavatório portátil, de ferro mais ou menos trabalhado, no topo do qual havia um espelho rectangular, não muito grande, era a base de trabalho. Pó de sabão ou o "stick", quando havia; conheci muito boa gente que ensaboava a cara com espuma de "sabão azul", que produzia friccionando o pincel sobre um naco de sabão. A quele mesmo naco que servia para lavar as mãos e a cara. A "máquina de barbear", com lâminas NACCET (ou NACETT?). Aquelas que cortavam o crocodilo ao meio!!
    Cara bem ensaboada, muito bonito! O desagradável da questão era que a boniteza da espuma passava a residir na água da bacia onde se lavava a "gillete" após cada passagem pela cara, o que resultava um tanto desagradável, à vista e ao tacto.
    Barba feita, havia o problema de se desfazer da água residual que permanecia na bacia, agora pejada de espuma. Esgotos, saneamento básico urbano, também primavam pela ausência nas habitações daqueles tempos. Lá ia então a água parar ao terraço - de terra! - nas traseiras da casa ou no caminho da frente, alijada com movimento amplo, na pretensão de a espalhar bem, evitando a formação de incómodas poças. Enxaguar a bacia, repetir o desfazer-se dessa água, repôr água limpa para lavar a cara, desfazer-se dessa água. Desinstalar a lâmina da "gillete", para lavá-la , bem como ao resto dos componentes da "máquina".
    Desinfectar a cara com alcool ou uma pedra translucida, que nunca soube bem de que matéria era feita, pois os "aftershaves" estavam ainda a dar os seus primeiros passos nos hábitos desses tempos.

    Saudades?! Não...! Sou demasiado apegado aos comodismos hoje proporcionados pelos benefícios da nossa civilização para ter saudades dessa intricada operação! A máquina de barbear eléctrica há muitos anos que mereceu a minha aprovação e, desde que a adoptei, não vou por outros caminhos. Nem as novas facilidades das águas correntes, quentes e frias, dos hodiernos lavatórios que dispensam o incómodo de despejar as águas, me demovem !

    Evolução no tempo.
    Revolução tecnológica!
    Que se renove, permanentemente! E Sempre!

    Arnaldo silva
    Felizmnete reformado

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  2. PORTO, 2007.10.20

    Meu caro,

    ORA VIVA.
    MUITOS PARABÉNS PELO TEXTO E UM OBRIGADO PELA COLABORAÇÃO.
    AÍ VAI UM ABRAÇO DO

    João Brito Sousa

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