sexta-feira, 2 de novembro de 2007

CRÓNICA DAS SETE DA MANHÃ.


PARA A MINHA MÃE.


A cidade começa a iniciar-se no seu trabalho diário e o ruído do trânsito começa a surgir. Nada parecido com o meu BRACIAIS onde eu nasci, e onde eu ajudava a minha Mãe nos trabalhos do campo. Mãe que já não tenho mas que quero recordar hoje aqui.Com muita saudade.

Tenho uma fotografia tua, num quadro grande, por cima da minha secretária de trabalho. Nunca pensei que gostasse tanto de ti. És imprescindível na minha vida. Nos momentos de aperto é a ti que me dirijo. E tenho tantas saudades de ti Mãe. Até a própria palavra mãe contem em si mesmo esse timbre de saudade.

Foste o meu guia. E eu fui tão mau para ti, Mãe.

Agora que estou quase no fim da minha estadia, vêem-me à memória recordações da infância e vejo-te a acariciar-me os caracóis na cabeça e a dizer-me, João, são horas meu filho, levanta-te para ires para escola. E na ternura do teu olhar querias-me dizer tudo, incluindo do perigo que é nascer.

E com a tua benção sempre concedida, mesmo quando eu me levantava de mau humor, preparavas-me para a vida. E dizias-me, vai meu filho enquanto eu desaprecia na primeira curva da estrada.

Mas tu estavas sempre a ver-me, Mãe. Nesse tempo, ah... como eu gosto de dizer nesse tempo, porque era um tempo em que as Mães gostavam de gostar dos filhos. E tomava-mos do vosso peito o leite que nos ajudaria a crescer e mais tarde a viver. Enquanto estamos com a nossa Mãe temos sempre um colega que é ela, temos sempre um companheiro que é ela, temos sempre um amigo que é ela.

É ela que nos ajuda a crescer ensinando-nos a ver os perigos da vida. Dessa vida que vamos encarar quando as Mães já não estão connosco. Mas de quem nos havemos de recordar sempre.

Um enorme beijo para ti, Mãe.

João Brito Sousa.

1 comentário:

  1. Hino a uma Mãe

    É verdade!
    Foi isso que acabei de ler. Um verdadeiro hino a uma Mãe.
    Não tenho a felicidade de poder adoptar este hino porque a vida, muitas vezes madrasta no seu evoluir, me privou da convivência com a minha mãe, acabava eu de completar os meus oito anos de existência. De forma trágica, num atropelamento que quase dizimou uma família inteira, ao findar uma tarde primaveril de Abril, um desmiolado e bem avinhado condutor, lamentavelmente, foi o protagonista desse acidente que me deixou sem a experiência de viver os sentimentos que o amigo Brito tão bem soube caracterizar no hino que escreveu.

    Mãe é isso mesmo, amigo!

    É aquela que nos ensina a crescer. É aquela que vela pela nossa segurança no caminhar pela estrada da vida. É aquela que, mesmo quando tem que recriminar uma nossa conduta desviante dos seus ensinamentos, o faz com o perdão no coração. É aquela que vibra com os nossos sucessos e se constrange e aflige, em partilhado sentimento, com as agruras que a vida coloca no nosso caminho.
    Mãe é aquela que nos sabe acariciar, numa demonstração de ternura e amor, únicos, ímpares e que, como tu referes, diz tudo nesses momentos com o seu olhar.

    Não o vivi. Não o experimentei. Fui apenas testemunha de tudo isso pelo que presenciei na conduta da minha mulher para com os nossos filhos.

    Por isso, posso repetir, aí etá um hino a uma Mãe.

    Bem haja, amigo!

    Arnaldo silva
    Felizmente refromado

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