(juventude)
NOTAS SOBRE O ESQUADRÃO 149, a guerra e os dias
De Jose Neves
MEU CARO AMIGO,
Viva,
Já li algumas páginas (83) da tua obra poética, mas tem sido muito difícil para mim fazê-lo, porque vejo nela, clarissimamente, o flagelo e as injustiças da guerra, a brutalidade do homem, a dor e o sofrimento... todos os imprevistos
Fazendo que o caçador seja caçado
Vítima da própria armadilha,
Como aconteceu com o Sargento Mota..
Puta de vida!...
Não fui tropa.
Eu sozinho livrei-me dessa desgraça. E chamo desgraça à tropa, depois de ler alguns poema contidos na tua obra. Sinto-me incomodado; não com a obra, mas com a autenticidade que ela contem em si e me mostra a verdade da vida.
Passado o encantamento do dia da chegada,
A realidade acordou-nos para as actividade febris
Dos preparativos para a grande arrancada
A partir de Ambriz.
... no tempo em que fui tropa vivi sempre enrascado, diz RAUL BRANDÃO.
A citação mais linda que a obra contém é a dedicatória à tua namorada, hoje a tua a mulher, o resto é dramático.
E,
ENTRETANTO NO QUIMBUMBE I
.......................................................................
Ao quarto dia acabaram-se as rações de combate,
A fome estava instalada e, embora ainda não mate
........................................................................
cagando no proibido, perigo medo que pôe de lado
...................................................................
Eu acho que a referência maior que se pode dizer de um livro de guerra é dizer que a obra nos inquieta e nos perturba. Isso quererá dizer que a obra retracta bem o que se pretendeu dizer ou aquilo que se quis escrever.
E isso vê-se claramente em ESQUADRÃO 149.
João Brito Sousa
NOTAS SOBRE O ESQUADRÃO 149, a guerra e os dias
De Jose Neves
MEU CARO AMIGO,
Viva,
Já li algumas páginas (83) da tua obra poética, mas tem sido muito difícil para mim fazê-lo, porque vejo nela, clarissimamente, o flagelo e as injustiças da guerra, a brutalidade do homem, a dor e o sofrimento... todos os imprevistos
Fazendo que o caçador seja caçado
Vítima da própria armadilha,
Como aconteceu com o Sargento Mota..
Puta de vida!...
Não fui tropa.
Eu sozinho livrei-me dessa desgraça. E chamo desgraça à tropa, depois de ler alguns poema contidos na tua obra. Sinto-me incomodado; não com a obra, mas com a autenticidade que ela contem em si e me mostra a verdade da vida.
Passado o encantamento do dia da chegada,
A realidade acordou-nos para as actividade febris
Dos preparativos para a grande arrancada
A partir de Ambriz.
... no tempo em que fui tropa vivi sempre enrascado, diz RAUL BRANDÃO.
A citação mais linda que a obra contém é a dedicatória à tua namorada, hoje a tua a mulher, o resto é dramático.
E,
ENTRETANTO NO QUIMBUMBE I
.......................................................................
Ao quarto dia acabaram-se as rações de combate,
A fome estava instalada e, embora ainda não mate
........................................................................
cagando no proibido, perigo medo que pôe de lado
...................................................................
Eu acho que a referência maior que se pode dizer de um livro de guerra é dizer que a obra nos inquieta e nos perturba. Isso quererá dizer que a obra retracta bem o que se pretendeu dizer ou aquilo que se quis escrever.
E isso vê-se claramente em ESQUADRÃO 149.
João Brito Sousa
As Guerras
ResponderEliminarEsta coisa de fazer uma Guerra foi algo que sempre me intrigou e que continua a levantar-me muitas questões, apesar de todos os ensinamentos da vida e das muitas explicações e justificações que tenho ouvido para levar a cabo um tal flagelo humano.
Nos anos sessenta também fui “bater com os costados” em Angola, na pretensa e imposta tarefa de “defender a pátria”. Primeira dúvida: qual pátria?! Até hoje ainda não me foi possível descortinar qual a pátria que eu tinha que defender, quando me colocaram num país desconhecido, a sete dias de viagem da minha terra, num qualquer paquete chamado de “Santa Maria”.
Uma outra questão que se me coloca é a de saber porque é a guerra feita por tantos milhares de seres humanos, quando ela é decretada apenas por um pequeno núcleo de governantes que entenderam declará-la. Ou seja, porque partem para a carnificina colectiva todos aqueles que têm nas suas mãos o poder de se revoltar e infringir as ordens recebidas do tal pequeno grupo de leaders?!
Por comungarem das mesmas convicções dos seus chefes?! Não me parece! Muito menos no caso da nossa Guerra Colonial.
Simplesmente pelo espírito de obediência que se instala no seio de uma comunidade social?! Talvez…
Por medo das represálias do grupo do poder dominante?! Mas, se se parte para a Guerra destinado ao fatídico destino de morrer ou regressar estropiado, porque não correr esse risco em solo pátrio, na revolta e contestação ao bárbaro comando de partir para a Guerra?! Assim como se fez em Portugal a 25 de Abril de 1974 ? Nunca percebi! Porque tardou, no nosso caso, treze anos, essa revolta?!
Será ainda o caso de que tantos milhares de homens, que vão constituir, no seu conjunto, todo o poder de fazer a guerra, perdem todo esse poder pelo cego espírito da subserviência aos seus chefes e só o sabem utilizar – o forte poder de que dispõem - porque aquilo para que são direccionados pelos seus comandantes?!
Ou partem para a Guerra todos esses milhares de homens por uma questão de ignorância colectiva que, à falta de serem sacudidos por um leader com clarividente entendimento da atrocidade que vão cometer, se deixam simplesmente levar pela inércia da maré humana de que fazem parte?!
Repito! Não percebo!
Alguém saberá explicar?!
arnaldo silva
felizmente reformado