terça-feira, 20 de novembro de 2007

UMA FIGURA DA FALFOSA

(podia ser aqui)
A VENDA DA MARIA ROSA.

Para a ISILDA ESTANQUEIRO,
minha prima, uma grande amiga e uma grande mulher.
Sei onde é que era o estabelecimento, mas da D. Maria Rosa apenas sei que era mulher valente. Que dava porrada e tudo.

Contaram-me que de noite a malta brava ia roubar as alfarrobas à açoteia da Mari Rosa e depois de manhã ia lá vende-las à venda e a Mari Rosa dizia: amanhã trás mais Zé. E o Zé de noite , lá para as tantas arrumava a escada à parede subia lá em cima e enchia uma sacada.

Mas uma sacada roubada à noite, dava duas para vender na manhã seguinte, porque metade era enchido com pedras e a outra metade com alfarrobas.

No rabisco das amêndoas, que era suposto fazer-se nas amendoeiras já apanhadas a malta ia às que ainda não tinham sido apanhadas e depois do trabalhinho feito, cantavam este fado na venda com música do "Ceguinho da luz".

FADO DO RABISCO
É maltinha de pé descalço
Metam-se agora ao rabisco
Façam o mesmo que eu faço.
Apanhem e lá vai cá disto

Agarrem num bom baraço
E façam que vão rabiscar
Façam o mesmo que eu faço
Vão às que estão p’ra apanhar.

Haja sol ou haja lua
Não deixem de rabiscar
Cada um vai para a sua
Façam favor de apanhar.

Naquele havia a necessidade de se ser esperto.
João Brito Sousa

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