terça-feira, 27 de novembro de 2007

UMA ILUSTRE FIGURA DE FARO

(vila adentro)

UM GRANDE FARENSE


Conforme citado no "Histórias à solta nas ruas de Faro" de Libertário Viegas, José Veríssimo de Almeida nasceu em Faro em 1834 e foi um distinto investigador, professor catedrático e director do Instituto de Agronomia e Veterinária, fundou a Sociedade de Ciências Agronómicas, escreveu várias obras científicas e foi grande divulgador de temas agrícolas em numerosos jornais e revistas.

Foi um republicano convicto que fez parte do Directório do Partido Republicano Português e, como Vice Presidente, integrou a vereação de Braancamp Freire que durante os últimos anos da Monarquia presidiu a Câmara Municipal de Lisboa.

Tenho algumas dificuldades em perceber donde vinha a preparação necessária para tais desempenhos, atendendo às condições de vida do País nesse tempo, com problemas de toda a ordem e o conseguir-se uma preparação académica e profissional desta envergadura, que levasse o nosso concidadão a tais feitos, é obra.Até porque 1834, é quando se inicia o reinado de D. Maria II (que vai até 1853) muito sacrificado por contínuas lutas fraticidas. Foi neste reinado que se deu a Revolução de Setembro que fez restaurar a Constituição de 1822; em 1842 Costa Cabral promoveu no Porto uma sublevação a favor da Carta Constitucional; em 1846 dá-se a Maria da Fonte, movimento popular contra o aumento dos impostos e contra um decreto de Costa Cabral que proibia o enterramento de pessoas nas igrejas e acontece ainda a demissão do ministério de Costa Cabral tendo o Marechal Saldanha sido chamado pela Rainha para tomar conta do Governo.

É um facto que neste reinado fizeram-se bastantes reformas e melhoramentos no que respeita à instrução pública, como a criação de Liceus e escolas primárias, as Escolas médicas de Lisboa e Porto, a Escola Politécnica de Lisboa, a Academia Politécnica do Porto, o Instituto agrícola, tendo estas reformas continuado nos reinados seguintes.

O problema existente na Instrução, não deveria ser pacífico, porquanto a propaganda republicana anterior a 1910, insistira na necessidade urgente de resolver o problema cultural do País. Apesar de a taxa de analfabetismo ter baixado, os resultados não eram considerados satisfatórios para muita gente e era preciso investir na educação e cultura..

A maioria da elite dos Republicanos preocupava-se e discutia nesse tempo, tudo acerca de cultura, instrução e pedagogia. Em 1876 João de Deus deu à estampa a famosa Cartilha Maternal, reagindo contra a tradição de se aprender de cór, como era prática corrente até aí e foi nesse ano também que foi fundado o Partido Socialista num congresso operário em Lisboa.

Percebia-se que o País estava a mexer...

Na 1ª República, a instrução superior mereceu atenção desvelada dos governantes, tentando-se mesmo nivelar o ensino universitário de Lisboa e Porto com o ensino de Coimbra, pondo ponto final no monopólio universitário desta última cidade.E é nesta complicada conjuntura que vem ao mundo em Faro José Veríssimo, que chegou bastante longe na sua vida de académico, de investigador e de político..Mas terá sido o ambiente académico e cultural existente no País, que certamente frequentou, que talvez lhe tivesse dado a preparação que demonstrou possuir, enquanto vida, e que tão bons resultados lhe trouxeram.

De qualquer modo, os cargos desempenhados por José Veríssimo de Almeida são de um grau de exigência tão elevado que seria interessante saber, como se adquiriam esses conhecimentos à época

Até porque, o Marquês de Pombal já tinha fechado as escolas dos jesuítas e Afonso Costa, na 1ª Republica, tinha mandado proceder em 10 de Abril de 1911, à publicação da lei da separação de poderes do Estado e da Igreja.

Apesar de, por volta de 1910, viverem em Portugal mais de trinta congregações ou associações religiosas, distribuídas por 160 casas, com algumas centenas de regulares exercendo uma influência de ano para ano e cada vez mais marcada, sobretudo entre a aristocracia, tudo isso foi desmoronado pela lei de Afonso CostaAprendia-se nas Universidades ...certamente

João Brito Sousa

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