quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A IGREJA ANTES DA 1ª REPÚBLICA


(capela em Vila nova de Gaia)


A IGREJA ANTES DA 1 ª REPÚBLICA

Em 1900, seis mil sacerdotes garantiam o funcionamento do aparelho. Mas, o problema não residia na popularidade da Igreja, mas sim na sua intimidade com o Estado, que lhe confere um estatuto de gigantesca repartição pública do divino.

Do berço até `a cova, a vida do cidadão é controlada pela igreja. Não há Registo Civil. É a Igreja que faz o rol dos nascimentos, dos matrimónios e dos óbitos. O casamento civil só está autorizado aos não católicos que, à semelhança de todos os outros nunca poderão divorciar-se.

Será necessária em vida, uma previdente declaração com reconhecimento notarial para se ter um enterro não religioso. Os bispos sustentados pelo erário público, têm por inerência assento na Câmara dos Pares, dispondo de influência directa na política e nas leis. Bispos e padres são aliás nomeados pelo Governo, passando a receber a partir de certa idade uma reforma oficial, como qualquer funcionário público.

Para dirigir toda esta actividade existe no Governo o Ministério dos Negócios Eclesiásticos e Justiça.

Curiosos é que a Justiça venha só após os assuntos clericais.

È no Estado que tem origem grande parte das rendas da Igreja. Os próprios seminários são subsidiados por dinheiros públicos. O clero paroquial cobra, porém uma côngrua fixa e obrigatória junto dos cidadãos de cada freguesia. Os fiéis pagam ainda Bula Cruzada, tributo medieval que isenta o contribuinte de um rol de obrigações litúrgicas como o jejum e a abstinência da carne.

A obediência aos preceitos da Igreja é mais prática do Norte e das Ilhas.

As constantes obrigações que a Igreja impõe aos fiéis são sobretudo acatadas por mulheres e crianças a quem a solenidade da liturgia mais impressiona. Os homens salvaguardam as distâncias.

Ter fé deixou há muito de se traduzir na defesa e prática dos valores cristãos mas sim no cumprimento de múltiplos rituais, orações recitadas, devoções, cânticos e cerimónias.

Penitência e comunhão definem o bom católico.

Recolha de
João Brito Sousa

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