segunda-feira, 19 de novembro de 2007

REFLEXÃO FILOSÓFICA

(largo da Sé em Faro)
A VIDA É UM HÁBITO

O texto é de Samuel Beckett, in 'À Espera de Godot'

“O hábito é o balastro que prende o cão ao seu vómito. Respirar é um hábito. A vida é um hábito. Ou melhor, a vida é uma sucessão de hábitos, porque o indivíduo é uma sucessão de indivíduos [...] «Hábito» é pois o termo genérico para os inúmeros contratos celebrados entre os inúmeros sujeitos que constituem o indivíduo e os seus inúmeros objectos correlativos. Os períodos de transição que separam as consecutivas adaptações [...] representam as zonas perigosas na vida do indivíduo, perigosas, penosas, misteriosas e férteis, em que, por um momento, o tédio de viver é substituído pelo sofrimento de ser. ..”


COMENTÁRIO:

Ultimamente tenho verificado que se tem abordado muito o fenómeno vida na óptica do sofrimento. Muitos poetas cantaram a vida, muitos escritores escreveram sobre a vida, muitos filósofos especularam sobre a vida. Até o nosso fado canta a vida, mais ou menos nesta perspectiva quadras que aqui deixo.


FADO DA VIDA


Ó vida ... o que é isso ó vida!
De onde venho e para onde vou?...
Esta é resposta irrespondida
Que nunca ninguém revelou.

Vida, é mistério é sofrimento
Que nunca nos vai abandonar.
É vivê-la em cada momento
E o melhor que ela deixar.

Ninguém sabe o caminho
Que temos ainda de percorrer
Por isso com muito carinho
Nos deveríamos entender.

É este o meu pensamento
Sobre o que a vida requer
Viver em cada momento
O melhor que se souber.
Mas pelos vistos ainda ninguém percebeu ou sabe o que é a vida.

Eu entendo que não se devia complicar as coisas. Seria mais benéfico encarar a vida numa óptica da serenidade, paz e harmonia. No fundo a vida resume-se a trabalho e alegria. O primeiro obtém os recursos e a segunda consome-os. Não podemos ir mais além do que isto, porque só Buda descobriu qual o “caminho dos caminhos” esse tal de Nirvana. Não estou interessado nisso. Fico-me naquela dedicatória do escritor para o amigo... a fulano, que viveu e morreu, estando-se sempre nas tintas para tudo. ..

João Brito Sousa

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