segunda-feira, 19 de novembro de 2007

CRÓNICAS DA 1ª REPÚBLICA

(parlamento)
JOÃO FRANCO

Em Maio de 1906,


D. Carlos, perante a balbúrdia e gritaria que permanente caracterizavam as sessões parlamentares a que se juntava agora um descrédito cada vez maior dos governos e dos políticos, tenta uma solução nova, indo buscar João Franco para Chefe de Governo, um homem licenciado em Direito e que já fora duas vezes Ministro de Hintze Ribeiro e que em 1901, se afastara do Partido Regenerador e fundara o Centro Regenerador Liberal.. João Franco conhecido pela sua rectidão e honestidade era um homem de personalidade forte e orador determinado e implacável.

João Franco constituía uma esperança para grande parte do País e sobretudo para o rei D. Carlos, que assim julgava conseguir a acalmia necessária para se poder proceder a reformas de fundo.

João Franco natural do Fundão, tem 51 anos quando recai sobre ele a escolha de D. Carlos. É o culminar da campanha que fizera nos anos da dissidência acusando os rotativos de «ludibriarem» o País e não terem ideias nem princípios, apenas «um oportunismo cínico, egoísta e imoral», com que «impera o arbítrio», acrescido de incompetência e corrupção que ninguém fiscaliza..

Apelando à «reforma dos costumes políticos», promete «um verdadeiro regime representativo» e «as garantias individuais estatuídas na Constituição». Com este discurso moralizante procura distanciar-se dos partidos tradicionais, embora do ponto de vista doutrinário seja, como eles um liberal.. Não admira que a imprensa humorística o alcunhe de «Messias», ou «Mexias», na caricatura da revista Ó da Guarda!, usando o sotaque beirão que nunca perdeu.

João Brito Sousa

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