(ilha do corvo)
O PAI DA MALTA.
Quando ouvi falar do Pai da Malta pela primeira vez, fiquei muito entusiasmado em conhecer pormenores da sua vida, o que é que tinha feito de especial, quem era, de aonde vinha e coisas assim. Quem me falou dele foram os meus tios José Bárbara e António Bárbara, filhos da ti Ermelinda, os “latinhas”, como lhes chamavam aí em Santa Bárbara de Nexe.
O meu tio Zé e um filho do Pai da Malta, o Engº José Pinto Faria, “costeleta”, porque estudou na Escola em Faro, são compadres, e ainda se encontram de vez em quando.
A história que vou contar a seguir, foi-me contada pelo meu tio Manuel Domingos, cunhado do Zé e do António. Disseram-me que era verdade; não tenho a certeza disso. Vai portanto ser publicada e parece que foi assim que as coisas se passaram.
Não conheci o chefe. O meu tio Manuel Domingues da Falfosa é que me falava dele. Ele era o mais forte de todos e por isso era o Pai... da Malta, dizia o meu tio.
Em tempos que já lá vão, meados do século passado e até mais tarde, a força física tinha uma certa influência no poderio dos povos e das pessoas. Nas aldeias e sítios, principalmente, havia sempre um, às vezes dois que, a dar porrada, eram campeões. Na minha terra, os Braciais, era o Vasco, que fazia gáudio em apresentar serviço. Uma vez, apareceu lá na Sociedade Recreativa a dar saltos em prancha, óh homem do diabo, aquilo ninguém se metesse com ele, tinha músculo o homem. Famoso desses tempos que também não conheci, era o Joaquim Caco da Xaveca. Disseram-me que uma vez, na feira da Malveira, ele e outro pegaram um touro de cernelha... e saíram em ombros.
Em Santa Bárbara de Nexe, a terra do meu Pai, o homem mais forte de todos era o Pai da Malta. Uma vez, foram a Bordeira à Sociedade Recreativa e aquilo foi o diabo. Parece que foi o Pai da Malta, segundo me disseram, que organizou o serviço. Juntaram-se uma noite, ele e os outros, no Rossio da aldeia. Sentaram-se no banco que ainda hoje lá está, ao lado da cadeia e combinaram ir dar porrada aos de Bordeira. Naquele tempo as rivalidades entre aldeias e sítios era de temer. Santa Bárbara de Nexe e Bordeira, tinham uma coisa em comum; eram bons a trabalhar a pedra na arte de “canteiros”. E isso tornava-os inimigos. Havia também bons canteiros em Ferreiras de Albufeira, o Chapéu de Ferro era um deles, o Zé Abel outro e ainda o velho João Custódio, todos eles grandes artistas.
Na noite aprazada, a malta encontrou-se no Rossio. E foi montada a táctica: a ordem era, vamos partir aquilo tudo. E assim se fez. Eram aí uns dez ou doze e a missão principal tinha o meu tio Domingos que, com um cacete na mão, deveria partir os vidros dos candeeiros que davam iluminação no salão de baile. E depois porrada para cima deles. E lá foram.
Chegaram ao baile eram aí umas onze horas da noite. Estava ao rubro. O nosso Pai da Malta era o comandante da operação. Estava tudo preparado e correu tudo bem. À entrada para o salão, o Pai, deu voz de comando e disse para a turma:- vamos a eles malta, agora ou nunca mais. E passaram a porta de entrada a galope. O meu tio Domingos, dirigiu-se logo para o palco e com o cacete na mão, deu umas cacetadas nas chaminés dos candeeiros a petróleo e ficou tudo às escuras. O mulherio gritava em sinal de desespero. O Manuel Quintas dos Agostos, quando se apagou a luz, tropeçou num rapazito de dezoito anos e caiu. Levantou-se danado e, pegando-lhe pelos pés fez dele uma vara e, rodopiando sobre si e às escuras, deitou aí uns dez ou doze abaixo. A refrega durou aí uns dez minutos ... de terror, disse-me o meu tio Domingos. Foi do piorio.
Quando viram o caso mal parado desapareceram todos e as tropas reuniram já fora da aldeia, debaixo das abas da alfarrobeira grande
Chegaram a casa às quatro da manhã. E às sete iam para os campos para a lavoura. Gente valente esta.... Hoje já não há disso.
Homens fortes, onde estais...
João Brito Sousa
Quando ouvi falar do Pai da Malta pela primeira vez, fiquei muito entusiasmado em conhecer pormenores da sua vida, o que é que tinha feito de especial, quem era, de aonde vinha e coisas assim. Quem me falou dele foram os meus tios José Bárbara e António Bárbara, filhos da ti Ermelinda, os “latinhas”, como lhes chamavam aí em Santa Bárbara de Nexe.
O meu tio Zé e um filho do Pai da Malta, o Engº José Pinto Faria, “costeleta”, porque estudou na Escola em Faro, são compadres, e ainda se encontram de vez em quando.
A história que vou contar a seguir, foi-me contada pelo meu tio Manuel Domingos, cunhado do Zé e do António. Disseram-me que era verdade; não tenho a certeza disso. Vai portanto ser publicada e parece que foi assim que as coisas se passaram.
Não conheci o chefe. O meu tio Manuel Domingues da Falfosa é que me falava dele. Ele era o mais forte de todos e por isso era o Pai... da Malta, dizia o meu tio.
Em tempos que já lá vão, meados do século passado e até mais tarde, a força física tinha uma certa influência no poderio dos povos e das pessoas. Nas aldeias e sítios, principalmente, havia sempre um, às vezes dois que, a dar porrada, eram campeões. Na minha terra, os Braciais, era o Vasco, que fazia gáudio em apresentar serviço. Uma vez, apareceu lá na Sociedade Recreativa a dar saltos em prancha, óh homem do diabo, aquilo ninguém se metesse com ele, tinha músculo o homem. Famoso desses tempos que também não conheci, era o Joaquim Caco da Xaveca. Disseram-me que uma vez, na feira da Malveira, ele e outro pegaram um touro de cernelha... e saíram em ombros.
Em Santa Bárbara de Nexe, a terra do meu Pai, o homem mais forte de todos era o Pai da Malta. Uma vez, foram a Bordeira à Sociedade Recreativa e aquilo foi o diabo. Parece que foi o Pai da Malta, segundo me disseram, que organizou o serviço. Juntaram-se uma noite, ele e os outros, no Rossio da aldeia. Sentaram-se no banco que ainda hoje lá está, ao lado da cadeia e combinaram ir dar porrada aos de Bordeira. Naquele tempo as rivalidades entre aldeias e sítios era de temer. Santa Bárbara de Nexe e Bordeira, tinham uma coisa em comum; eram bons a trabalhar a pedra na arte de “canteiros”. E isso tornava-os inimigos. Havia também bons canteiros em Ferreiras de Albufeira, o Chapéu de Ferro era um deles, o Zé Abel outro e ainda o velho João Custódio, todos eles grandes artistas.
Na noite aprazada, a malta encontrou-se no Rossio. E foi montada a táctica: a ordem era, vamos partir aquilo tudo. E assim se fez. Eram aí uns dez ou doze e a missão principal tinha o meu tio Domingos que, com um cacete na mão, deveria partir os vidros dos candeeiros que davam iluminação no salão de baile. E depois porrada para cima deles. E lá foram.
Chegaram ao baile eram aí umas onze horas da noite. Estava ao rubro. O nosso Pai da Malta era o comandante da operação. Estava tudo preparado e correu tudo bem. À entrada para o salão, o Pai, deu voz de comando e disse para a turma:- vamos a eles malta, agora ou nunca mais. E passaram a porta de entrada a galope. O meu tio Domingos, dirigiu-se logo para o palco e com o cacete na mão, deu umas cacetadas nas chaminés dos candeeiros a petróleo e ficou tudo às escuras. O mulherio gritava em sinal de desespero. O Manuel Quintas dos Agostos, quando se apagou a luz, tropeçou num rapazito de dezoito anos e caiu. Levantou-se danado e, pegando-lhe pelos pés fez dele uma vara e, rodopiando sobre si e às escuras, deitou aí uns dez ou doze abaixo. A refrega durou aí uns dez minutos ... de terror, disse-me o meu tio Domingos. Foi do piorio.
Quando viram o caso mal parado desapareceram todos e as tropas reuniram já fora da aldeia, debaixo das abas da alfarrobeira grande
Chegaram a casa às quatro da manhã. E às sete iam para os campos para a lavoura. Gente valente esta.... Hoje já não há disso.
Homens fortes, onde estais...
João Brito Sousa
Ola. estou a procura do Filho de Antonio Barbara
ResponderEliminarque residiu em Maringá - PR.
Se souber algo sobre.
entre em contato por favor.
pguincesa_nanda@hotmail.com