(teatro lethes)
AS BATATAS CORTAS
Esta pequena peça de Teatro, da autoria de João Patuleia Filho, retracta bem como era a vida do campo há cinquenta anos atrás. Nela pode ver-se a importância do tractor, uma ferramenta de trabalho só ao alcance dos ricos, cuja única unidade existente no nosso sítio, tinha dificuldades em satisfazer todas os compromissos, safando uns e atrapalhando outros Pode ver-se ainda como era a alimentação, o ano inteiro, das pessoas do campo, naquele tempo.
AS BATATAS CORTAS
Esta pequena peça de Teatro, da autoria de João Patuleia Filho, retracta bem como era a vida do campo há cinquenta anos atrás. Nela pode ver-se a importância do tractor, uma ferramenta de trabalho só ao alcance dos ricos, cuja única unidade existente no nosso sítio, tinha dificuldades em satisfazer todas os compromissos, safando uns e atrapalhando outros Pode ver-se ainda como era a alimentação, o ano inteiro, das pessoas do campo, naquele tempo.
O texto sofreu uns ligeiros arranjos mas manteve-se o toda a estrutura da ideia
PERSONAGENS:
PAI: TI JOÃO PATULEIA (PAI)
FILHO: JOÃO PATULEIA (FILHO)
MÃE: D. CONCEIÇÃO
CONDUTOR DO CARRO DE MULA: JOÃO DA BIA APOLA.
TRACTORISTA: ZÉ MARQUES.
TEXTO
Chego da escola...
Ao chegar a casa encontro-me com o meu Pai sentado á porta da cabana do gado. Está muito triste, com a cara entre as mãos e os braços em cima dos joelhos e pergunto-lhe, então Pai o que é que se passa?....
Tenho as batatas cortas e o adubo pronto e o tractor nunca mais chega, está quase a chover, esse malandro do José Marques aonde andará, foi para outro lado, para algum amigo...
Ó Pai não diga isso, ele também é amigo nosso..
Já deitei o estrume á terra, isto vai tudo para o maneta ( era uma expressão que tinha).
Nisto chega a minha Mãe e diz, ,vá venham lá comer.
Então o que é o almoço?... perguntei eu.
É repolho com feijão e massa e um bocado de osso de porco e toucinho..
Mas eu não quero, faça lá umas batatas fritas com ovos, não sei se haverá porque as galinhas estão pondo pouco.
Vá venham lá, está lá um bocado de chouriça e tu comes com pão..
Já se ouvem os trovões , vai chover muito diz o meu Pai. Comam lá vocês que eu agora não tenho fome.
Pouco depois começa a chover forte.
E o meu Pai, que já não queria comer nada, pergunta:- quem é aquele que vai além no carro de mula na direcção das Barradas, quem será?
Ò Pai não vê que é o João, o filho da bia Apola, o João de Brito Sousa
Ai que belo rapaz, já veio da escola de Faro e vem buscar a comida para dar aos animais; eu vou lá dar com ele...perguntar-lhe se ele viu o Zé Marques.
Não vás, diz a minha Mãe, não quero. Ele tem que se despachar para ir para os Braciais.
Eu vou, dê lá para onde der, quem sabe se ele me pode ajudar, isto é um prejuízo desgraçado com as batatas cortas... vou ver se ele me pode ajudar. Aquilo é que é um homem, diz o meu Pai.
Ó homem, se não queres comer vai mas é dormir uma folga, diz minha Mãe.
Cada vez chove mais, está tudo cheio de água.
Nisto chega a casa o meu Pai que foi dar com o João e vem todo molhado e diz, ó Conceição tira ai um prato comida que vou dar comer aos animais e depois vou dormir.
O ribeiro vai cheio é uma desgraça, a noite é de grande tempestade, os trovões
continuam a ribombar com força e a minha mãe começa a rezar as tabuinhas de Moizés, era uma fé que ela tinha....
E diz a minha mãe para mim: e tu agora vai fazer as coisas da escola porque é quase de noite e eu tenho pouco petróleo...
E abraçaram-se os três, como bons amigos e com fé que as coisas se compusessem.
João Brito Sousa
PAI: TI JOÃO PATULEIA (PAI)
FILHO: JOÃO PATULEIA (FILHO)
MÃE: D. CONCEIÇÃO
CONDUTOR DO CARRO DE MULA: JOÃO DA BIA APOLA.
TRACTORISTA: ZÉ MARQUES.
TEXTO
Chego da escola...
Ao chegar a casa encontro-me com o meu Pai sentado á porta da cabana do gado. Está muito triste, com a cara entre as mãos e os braços em cima dos joelhos e pergunto-lhe, então Pai o que é que se passa?....
Tenho as batatas cortas e o adubo pronto e o tractor nunca mais chega, está quase a chover, esse malandro do José Marques aonde andará, foi para outro lado, para algum amigo...
Ó Pai não diga isso, ele também é amigo nosso..
Já deitei o estrume á terra, isto vai tudo para o maneta ( era uma expressão que tinha).
Nisto chega a minha Mãe e diz, ,vá venham lá comer.
Então o que é o almoço?... perguntei eu.
É repolho com feijão e massa e um bocado de osso de porco e toucinho..
Mas eu não quero, faça lá umas batatas fritas com ovos, não sei se haverá porque as galinhas estão pondo pouco.
Vá venham lá, está lá um bocado de chouriça e tu comes com pão..
Já se ouvem os trovões , vai chover muito diz o meu Pai. Comam lá vocês que eu agora não tenho fome.
Pouco depois começa a chover forte.
E o meu Pai, que já não queria comer nada, pergunta:- quem é aquele que vai além no carro de mula na direcção das Barradas, quem será?
Ò Pai não vê que é o João, o filho da bia Apola, o João de Brito Sousa
Ai que belo rapaz, já veio da escola de Faro e vem buscar a comida para dar aos animais; eu vou lá dar com ele...perguntar-lhe se ele viu o Zé Marques.
Não vás, diz a minha Mãe, não quero. Ele tem que se despachar para ir para os Braciais.
Eu vou, dê lá para onde der, quem sabe se ele me pode ajudar, isto é um prejuízo desgraçado com as batatas cortas... vou ver se ele me pode ajudar. Aquilo é que é um homem, diz o meu Pai.
Ó homem, se não queres comer vai mas é dormir uma folga, diz minha Mãe.
Cada vez chove mais, está tudo cheio de água.
Nisto chega a casa o meu Pai que foi dar com o João e vem todo molhado e diz, ó Conceição tira ai um prato comida que vou dar comer aos animais e depois vou dormir.
O ribeiro vai cheio é uma desgraça, a noite é de grande tempestade, os trovões
continuam a ribombar com força e a minha mãe começa a rezar as tabuinhas de Moizés, era uma fé que ela tinha....
E diz a minha mãe para mim: e tu agora vai fazer as coisas da escola porque é quase de noite e eu tenho pouco petróleo...
E abraçaram-se os três, como bons amigos e com fé que as coisas se compusessem.
João Brito Sousa
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