(escola Benardo de Passos)
peço desculpa à Drª AMÉLIA,
a nossa professora de Francês de há 50 anos.
peço desculpa à Drª AMÉLIA,
a nossa professora de Francês de há 50 anos.
Faltam dez minutos para as oito da manhã e mais uma vez estou sem assunto. Percorro o passado que tenho registado na minha memória e ocorre-me aquelas aulas de Francês com a Drª Amélia, em 1954/55 na Escola Comercial e Industrial de Faro, 1º ano 1ª turma, em que nós, selvagens autênticos, não deixávamos a professora ensinar fosse o que fosse.
A coisa era de tal modo horrível que, mais tarde, na minha vida de professor, profissão que desempenhei durante mais ou menos quinze anos, me senti muitas vezes incapaz, sem força e sem moral, para repreender um aluno desatento ou falador, porque eu tinha sido, pior do que eles agora, ou seja, tinha sido um dos selvagens, naquele 1º 1ª longínquo.
Ainda hoje me arrepio todo com o que nós fizemos à Drª Amélia, ao recordar aquelas aulas. E como foi possível, daquela turma ter saído ainda um Secretário de Estado de Finanças num Governo Socialista, muitos licenciaturas e todos os outros mais ou menos bem colocados na vida.
A coisa era assim: a meio do ano lectivo, o Dr. Proença que era o nosso professor, foi transferido e veio a Drª Amélia para continuar com as lições do “Mon Ami Pierrot”. Mas não conseguiu porque nós fomos mais fortes. E eu hoje, com 64 anos de vida e quinze de ensino, ainda sinto, estupidamente talvez, um certo orgulho e vaidade naquela vitória com a Drª Amélia. Porque no terreno, a Escola é um desafio. E eu estou do lado do aluno.
Nós vencemos a professora porque a senhora era um bocado desleixada no seu aprumo, calçava uns sapatos larguíssimos, que ao assentar no chão, faziam uma batida ruidosa de tal forma, que nos chamava a atenção. E nós pegámos por ali.
Não havia aula, o que havia era pedrada dentro da sala, uma autêntica guerra de arremessos de calhaus trazidos do recreio, algibeiras cheias daquilo que nós atirávamos uns aos outros e que, para não nos aleijarmos, defendíamo-nos desses arremessos com o tampo das carteiras que se podiam levantar.
Aula!...qual aula!... pedrada sim.
Deixo o texto aqui neste ponto, propositadamente....
João Brito Sousa
.
A coisa era de tal modo horrível que, mais tarde, na minha vida de professor, profissão que desempenhei durante mais ou menos quinze anos, me senti muitas vezes incapaz, sem força e sem moral, para repreender um aluno desatento ou falador, porque eu tinha sido, pior do que eles agora, ou seja, tinha sido um dos selvagens, naquele 1º 1ª longínquo.
Ainda hoje me arrepio todo com o que nós fizemos à Drª Amélia, ao recordar aquelas aulas. E como foi possível, daquela turma ter saído ainda um Secretário de Estado de Finanças num Governo Socialista, muitos licenciaturas e todos os outros mais ou menos bem colocados na vida.
A coisa era assim: a meio do ano lectivo, o Dr. Proença que era o nosso professor, foi transferido e veio a Drª Amélia para continuar com as lições do “Mon Ami Pierrot”. Mas não conseguiu porque nós fomos mais fortes. E eu hoje, com 64 anos de vida e quinze de ensino, ainda sinto, estupidamente talvez, um certo orgulho e vaidade naquela vitória com a Drª Amélia. Porque no terreno, a Escola é um desafio. E eu estou do lado do aluno.
Nós vencemos a professora porque a senhora era um bocado desleixada no seu aprumo, calçava uns sapatos larguíssimos, que ao assentar no chão, faziam uma batida ruidosa de tal forma, que nos chamava a atenção. E nós pegámos por ali.
Não havia aula, o que havia era pedrada dentro da sala, uma autêntica guerra de arremessos de calhaus trazidos do recreio, algibeiras cheias daquilo que nós atirávamos uns aos outros e que, para não nos aleijarmos, defendíamo-nos desses arremessos com o tampo das carteiras que se podiam levantar.
Aula!...qual aula!... pedrada sim.
Deixo o texto aqui neste ponto, propositadamente....
João Brito Sousa
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Pedir desculpas...
ResponderEliminarPedir desculpa é um gesto que sempre dignifica o seu autor ainda que o acto que que originou esse pedido tenha sido inqualificável.
Inqualificável foi, sem sombra de dúvidas, o que os selvagens - o termo não é meu! - do 1º, 1ª faziam nas aulas da Drª. Amélia.
Pedir desculpas, fica bem, mas...
De facto, foram os "selvagens" daquele 1º, 1ª os autores, os que tomaram a iniciativa de comportamentos quase ignóbeis numa sala de aula. Eles são os que devem pedir desculpa pela prática de tão desajustados actos.
Mas...
Com as reticências deste porém quero deixar uma interrogação, na tentativa de forçar a que se medite se os únicos responsáveis foram os irreverentes "putos" dum primeiro ano escolar. Até vou mais longe e interrrogo-me se o único responsável e aquele que deveria pedir desculpas não terá que ser a Drª. Amélia!
A verdade é que a tendência para maus comportamentos, naquelas idades, é condição inata a qualquer "puto". Por isso, qual diamante em bruto, carecendo de lapidação, aquelas idades necessitam de educação, precisam de serem moldadas e adptadas às condicionantes da vida social.
E é da exclusiva responsabilidade do educador - pai ou professor - domar a irreverência própria da idade, dominando-a.
Ora, a Drª. Amélia, notoriamente, não tinha mão na turma! Não cumpria a sua tarefa de professora-educadora! Não deveria ter exercido aquela profissão porque, está demonstrado, para ela não tinha qualificação nem capacidade.
Prestou u mau serviço à comunidade e, por isso, terá que ser ela a pedir as inevitáveis desculpas.
Hoje, ao que consta, há muitas mais Dras. Amélias porque é-se professor à força,não por vocação ou apetência, pela ausência de trabalho no ramo do curso que se tirou.
Não há turmas más!
Não há turmas indisciplinadas.
Há, isso sim, professores que não conseguem ser PROFESSORES.
Que os pedidos de desculpas venham destes e não dos educandos.
Peço desculpa se laboro em erro grosseiro.
arnaldo silva
felizmente reformado