quarta-feira, 21 de novembro de 2007

CRÓNICA DA 1ª REPÚBLICA

(parlamento)
JOÃO FRANCO (II)

João Franco


foi um intrépido interprete da política. Jamais fugira a uma discussão em S. Bento, por mais violenta que fosse, sendo o que na gíria parlamentar se chama de um «faca - de - mato». Conserva o mesmo perfil de arruaceiro político, frontal e pouco apreciado pelos rotineiros das Cortes.

Ao contrário das suas expectativas, é porém demasiado azedo para se tornar popular. Espera por uma vaga de fundo que não chega. Ainda em 1906 queixa-se de que o seu Partido Regenerador Liberal não tem votos em Lisboa para vencer os republicanos e na província para se bater com os “rotativos”. Os apoios vêm sobretudo de elites desiludidas com a retórica pouco eficaz do sistema político.

Foi João Franco, na sua campanha para a fundação dos regeneradores liberais, que cunhou a expressão "rotativismo", utilizada em sentido pejorativo, para a qualificação de um acordo entre dois partidos, entendidos como clientelas de dois homens para ludibriarem o país, feita a partir da ditadura eleitoral de 1901.

Considerou que apenas existia um parlamento falsificado, porque, em vez de um sistema representativo, viveríamos num regime presidencial, dado que nenhum deputado representaria o corpo eleitoral, mas apenas o "placet" do presidente do conselho.

Num discurso pronunciado em 16 de Maio de 1903, por ocasião da inauguração do Centro Regenerador Liberal de Lisboa, defendeu a promulgação de uma lei eleitoral que garanta a possibilidade de representação de todas as vontades e interesses gerais ou locais, ainda que não tenham o beneplácito das clientelas partidárias; e a genuinidade e verdade dos actos e operações eleitorais.
Isso se conseguirá com uma lei de pequenas circunscrições eleitorais, entregando as operações de recenseamento e acto eleitoral exclusivamente ao poder judicial e seus agentes.

João Brito Sousa

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