(o patacão ao domingo)
Estou sem assunto.
Ainda não levantei a persiana e escrevo à luz do candeeiro eléctrico. Antigamente não era assim, era a petróleo, não era João, ainda te lembras quando se partia a chaminé, levantávamos o pecal e rodávamos um pouco a manivela para a torcida subir e nos alumiar, para podermos ver fazer as contas e resolvermos os problemas que as nossas professoras primárias nos mandavam para casa..
João, aqui há dias, falando na nossa vida desses tempos antigos, acabaste por falar da D. Silvana, a professora aí do Patacão, e foi tão bonito ouvir tu falares bem da tua professora. Caiu-me bem na alma quando tu disseste... “ essa grande professora que foi a D. Silvana.” Mas no fim de contas, tu também foste grande porque tiveste a capacidade de reconhecer que a tua professora foi grande mulher e grande amiga, pois foi ela que te avisou que na vida há um perigo em cada esquina.
Os professores primários são assim... amigos, muito amigos dos seus alunos...
E a D. Feliciana, lembras-te? Vivia aí no Patacão e dava escola em Santa Bárbara de Nexe. Nunca mais a vi. E os Braciais também tinha um professor que era eu e dava escola em Almada.
Braciais e Patacão... sempre. O Braciais do Napoleão, do Zé Nunes e do Carlinhos, os filhos da Marçala, a parteira que ajudava a nascer os bebés. A minha Mãe quem ajudou foi a avó Brita. E depois quando os moços nasciam as vizinhas davam pacotes de arroz e de açúcar e pacotes de outras coisas...
A vida é poesia, JOÃO.
Repara nestes versos do poeta Roberto Afonso,
Quando a primeira lágrima aflorou
Nos meus olhos, divina claridade
A minha pátria aldeia alumiou
Duma luz triste, que era já saudade.
Humildes, pobres cousas, como eu sou
Um poeta que se preza como é o Roberto considera-se igual às coisas pobres, humildes e inúteis que existem por aí. Mas o Roberto Afonso é um grande poeta e escreve coisas lindas para nós.
A poesia continua a ser a arma do povo. E o Roberto Afonso sabe isso e não deve parar.
Onde eu gostava de estar agora era na pastelaria central do PATACÃO, a antiga tasca do BERNARDO PIRIQUITO, a tomar um café com o meu amigo João e o grande poeta que é o Roberto Afonso.
Mas isso um dia vai acontecer.. com o HENRIQUE ROSA taambém.
Já levantei a persiana. Resta-me desejar um bom dia para todos. E viva os Braciais e o Patacão.
SEMPRE..
João Brito Sousa.
Ainda não levantei a persiana e escrevo à luz do candeeiro eléctrico. Antigamente não era assim, era a petróleo, não era João, ainda te lembras quando se partia a chaminé, levantávamos o pecal e rodávamos um pouco a manivela para a torcida subir e nos alumiar, para podermos ver fazer as contas e resolvermos os problemas que as nossas professoras primárias nos mandavam para casa..
João, aqui há dias, falando na nossa vida desses tempos antigos, acabaste por falar da D. Silvana, a professora aí do Patacão, e foi tão bonito ouvir tu falares bem da tua professora. Caiu-me bem na alma quando tu disseste... “ essa grande professora que foi a D. Silvana.” Mas no fim de contas, tu também foste grande porque tiveste a capacidade de reconhecer que a tua professora foi grande mulher e grande amiga, pois foi ela que te avisou que na vida há um perigo em cada esquina.
Os professores primários são assim... amigos, muito amigos dos seus alunos...
E a D. Feliciana, lembras-te? Vivia aí no Patacão e dava escola em Santa Bárbara de Nexe. Nunca mais a vi. E os Braciais também tinha um professor que era eu e dava escola em Almada.
Braciais e Patacão... sempre. O Braciais do Napoleão, do Zé Nunes e do Carlinhos, os filhos da Marçala, a parteira que ajudava a nascer os bebés. A minha Mãe quem ajudou foi a avó Brita. E depois quando os moços nasciam as vizinhas davam pacotes de arroz e de açúcar e pacotes de outras coisas...
A vida é poesia, JOÃO.
Repara nestes versos do poeta Roberto Afonso,
Quando a primeira lágrima aflorou
Nos meus olhos, divina claridade
A minha pátria aldeia alumiou
Duma luz triste, que era já saudade.
Humildes, pobres cousas, como eu sou
Um poeta que se preza como é o Roberto considera-se igual às coisas pobres, humildes e inúteis que existem por aí. Mas o Roberto Afonso é um grande poeta e escreve coisas lindas para nós.
A poesia continua a ser a arma do povo. E o Roberto Afonso sabe isso e não deve parar.
Onde eu gostava de estar agora era na pastelaria central do PATACÃO, a antiga tasca do BERNARDO PIRIQUITO, a tomar um café com o meu amigo João e o grande poeta que é o Roberto Afonso.
Mas isso um dia vai acontecer.. com o HENRIQUE ROSA taambém.
Já levantei a persiana. Resta-me desejar um bom dia para todos. E viva os Braciais e o Patacão.
SEMPRE..
João Brito Sousa.
Amigo João Brito Sousa:
ResponderEliminarSobre a quadra (primeira que faz parte de um soneto) que transcreve e que atribui à minha "triste" pessoa, devo dizer-lhe que há um ligeiro equívoco (compreensível pois ainda não abriu a persiana)... Já tive há algum tempo atrás este belo soneto do ilustre Teixeira de Pascoaes no meu Blog... Mas é obra do seu Autor e não minha... Pobre de mim que mal sei escrever o meu nome...
Cumprimentos do
Roberto Afonso
Transcrevo todo o soneto do Poeta:
Quando a primeira lágrima aflorou
Nos meus olhos, divina claridade
A minha pátria aldeia alumiou
Duma luz triste, que era já saudade.
Humildes, pobres cousas, como eu sou
Dor acesa na vossa escuridade...
Sou, em futuro, o tempo que passou-
Em num, o antigo tempo é nova idade.
Sou fraga da montanha, névoa astral,
Quimérica figura matinal,
Imagem de alma em terra modelada.
Sou o homem de si mesmo fugitivo;
Fantasma a delirar, mistério vivo,
A loucura de Deus, o sonho e o nada.
Teixeira de Pascoaes