ANTES DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA

(parlamento)

ANTES DA 1ª REPÚBLICA

A 1ª República Portuguesa foi instaurada em Portugal em 5 de Outubro de 1910.

A situação política do País antes deste período, era um pouco delicada.

Raramente um Governo se aguenta ao longo das três sessões de uma legislatura. Alguns caem ao fim de meses. Para os eleitores a ida às urnas é quase tão frequente como a mudança de estações. Só entre Novembro de 1899 e Outubro de 1901, realizaram-se quatro eleições para deputados. O Estado não distribui boletins de voto, mas sim os partidos (cada um os seus próprios impressos). No boletim aparecem os nomes dos candidatos pelo respectivo círculo, não o dos agrupamentos políticos que não tem reconhecimento legal.

Votam apenas cidadãos do sexo masculino que tenham habilitações mínimas (saber ler e escrever), que sejam chefes de família (garantindo-lhe o sustento) e que paguem os impostos. Não espanta que o número de recenseados não atinja o milhão (diminuindo até após uma lei restritiva de 1901). Desconhece-se a campanha com comícios, cartazes, ou anúncios. Apenas se fazem contactos pessoais. No dia das eleições, as pessoas influentes de cada círculo (fidalgos, administradores de concelho, regedores, grandes proprietários, padres, médicos, farmacêuticos) vão porta a porta cortejar os eleitores. É o que se chama galopinar.

Tudo isto em nome de um aparelho de Estado que mal faz sentir a sua presença, a não ser para recolher os impostos, como se lamentava Ramalho Ortigão já em finais do século XIX. Fora de Lisboa e Porto, por exemplo, não existe política regular. Os próprios cidadãos, por designação do administrador de concelho, podem tornar-se cabos de polícia. Não admira que, por nada receber do Estado em troca, muita gente tente fugir ao cumprimento das pesadas obrigações fiscais de então.

Recolha de
João Brito Sousa