quinta-feira, 22 de novembro de 2007

CRÓNICA DE WASHINGTON

(jardins nas pontes de marchil)
O MANUEL TRISTE.

Texto dedicado à colega costeleta

CELESTE BAPTISTA

que parece gostar destes

relatos do campesinato.

CRÓNICA DE WASHINGTON
Por Carlos Alberto Diogo

O RECRUTAMENTO DO CAVADOR A DIAS

(Tal e qual a como nas docas de New York, como se viu no filme "HÁ LODO NO CAIS" com o Marlon Brando e como se fazia no Largo da Câmara de MORA, no Alentejo, onde o recrutamento dos trabahadores era deprimente. Para que não esqueçamos este comportamento dos endinheirados... ou patrões.)


Quando eu era puto, 7-10 anos, havia em frente a casa dos meus avos um poço, com uma cerca de alvenaria.

Na altura de amanhar a terra juntavam-se ai 20 ou 30 homens com as enxadas numa mão e o farnel na outra, esperando que os agricultores lhes dessem trabalho.Os agricultores da área que posso nomear alguns, eram o Manuel Marinhas, oManuel da Cova, o António da Cova, o José Diogo do Laranjal, o Jose Diogo da Costa, o Joaquim de Sousa, o Joaquim Mestre, o Francisco Custodinho, o Albricoque, o Moreno e outros mais, olhavam para eles e escolhiam os que lhes pareciam mais hábeis e produtivos.

Os que apareciam pelas primeiras vezes ganhavam 15 escudos ao dia. O máximo era 20 escudos ao dia.

Entre esses cavadores, havia um que era cobiçado por todos. Era o Manuel Triste, do Montenegro, que era um homem com as pernas tortas (defeituoso) mas diziam que a cavar e a fazer as leiras não havia como ele.

O seu alimento todo o dia era uma lata de sardinhas comprada na casa dos meus avos.Quando o "leilão" terminava, ficavam sempre 4 ou 5 que iam tristonhos, sem trabalho nem dinheiro de volta a casa, talvez pensando: como ou dar de comer a minha mulher e aos meus filhos?

Por hoje é tudo.

Espero ter dado um pequeno contributo recordando a vida campesina dos anos 50 e 60.

Carlos Diogo


Nota: A direcção do bloge agradece e espera mais contributos.


JBS

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