sábado, 17 de novembro de 2007

CRÓNICA DAS 12 e 45

(dr. alberto martins)

HÁ QUARENTA E NOVE ANOS ATRÁS,

frequentava eu o Curso Comercial na Escola em FARO, quando o General Humberto Delgado apareceu por lá a fazer a sua campanha para a Presidência da República. Lembro-me de ver muitas pessoas reunidas ali para aquelas bandas do Café “A Brasileira” na zona do consultório do Dr. May Viana

Foi em Maio de 58, salvo erro que o nosso General apareceu por lá. E a sua campanha tinha por suporte a famosa frase, por si proferida em relação à actuação do Presidente do Conselho de Ministros de então, o Professor Dr. António de Oliveira Salazar, o “obviamente demito-o”.

Para nós, putos de quinze desaseis anos, a visita do General em campanha e a respectiva multidão de apoio, dava-nos alguma hipótese de mensagem nova que estava para chegar, isto é, dava-nos a possibilidade de um dia poder vir a ter uma opinião sobre um acontecimento que interessava ao País e a nós próprios, expressando-as nas urnas. Isso era já pretensão visível nos jovens dessa época.

O General perdeu as eleições que concorreu contra o Dr. Arlindo Vicente e conta o Almirante Américo Tomás, que as ganhou, mas penso que apesar de tudo, as coisas não ficaram como dantes. Surgiram ideias, no que toca ao Ultramar Português e Índia, cujos primeiros indícios de revolta começaram logo nos anos 60.

Nesse tempo, de Tomás e Salazar, externamente, o País era considerado como um povo sem honradez, por a governação estar suportada por uma polícia internacional de defesa do Estado, o que nos impedia de ter ideias próprias e principalmente, estava-nos vedada a possibilidade de as discutir. Mas curiosamente, havia emprego, na banca comercial, o BNU, nomeadamente, que empregou algumas dezenas de alunos da Escola Comercial dessa altura.

È verdade que nem todos passavam da escola primária mesmo que fossem capazes, ficavam nos campos ou emigravam para a França ou outros Países e a política do ensino superior limitava-se a formar, por cada faculdade, dez ou quinze alunos por ano, facilmente colocáveis e parecia estar tudo bem.

Mas não estava. E daí surgirem as baladas de Zeca Afonso e Adriano, Fanhais e José Mário Branco, entre outros, o Maio de 68 em Paris e a retirada da passadeira a Tomás em COIMBRA, pelos estudantes desse tempo, liderados pelo hoje deputado socialista, Dr. Alerto Martins.

E o vinte e cinco de Abril, o dia da liberdade ansiada, que estava na forja, chegou em 1974.

E pergunto:- estaremos melhor?

João Brito Sousa.

2 comentários:

  1. POrto, 2007.11.17

    La expresión ¿Porqué no te callas?, utilizada por Su Majestad Rey España no es una expresión de felicidad ni de utilización correcta. Ha sido inclusivamente una expresión ofensiva y poco responsable, una vez que ambas las personalidades son los primeros en su País respectivamente.

    João brito Sousa

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  2. PORTO, 2007.11.17

    O comentário anterior é para o post "PORQUE NÃO TE CALAS"? do amigo Rodolfo.

    joão Brito Sousa

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