quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

FIGURAS DE FARO- Dr. MANUEL PENTEADO

(interior do Arco da Vila)

FIGURAS DE FARO

Dr. MANUEL PENTEADO

Manuel Penteado (1874/ 1911) é natural de Faro. Foi escritor, militar e médico, tendo ocupado o lugar de tenente médico do quadro de Saúde do Ultramar e foi também cirurgião no Hospital de S. José em Lisboa.

Os seus biógrafos reconhecem nele um escritor talentoso e poeta de grande sensibilidade que, só pela sua natural modéstia e reserva não logrou maior aceitação junto do público.
Escreveu “Operações Cesarianas” e “Os Outros”. As obras “Doentes”, “Livro Proibido” e ”Póstumas” escreveu em colaboração com Fialho de Almeida, Henrique de Vasconcelos, Júlio Dantas, Júlio Bastos e José Abreu,

Em 1874 governava em Portugal D. Luís “o POPULAR” (1861/1889) mas pensamos que o Dr. Manuel Penteado terá vivido mais no reinado de D. Carlos (1889/ 1908).

O problema político que dominava o País nessa altura era a questão do “Ultimato” do governo britânico - entregue a 11 de Janeiro de 1890 por um "Memorando" – a Portugal, para a retirada das forças militares existentes no território compreendido entre as colónias de Moçambique e Angola, no actual Zimbabwe , a pretexto de um incidente ocorrido entre portugueses e Macololos.

A zona era reclamada por Portugal, que a havia incluído no famoso Mapa cor-de rosa, reclamando a partir da Conferência de Berlim uma faixa de território que ia de Angola à contra-costa, ou seja a Moçambique

A impossibilidade de resistência leva à imediata queda do governo, sendo nomeado a 14 de Janeiro um novo ministério presidido por António de Serpa Pimentel. Inicia-se um profundo movimento de descontentamento social, implicando directamente a família reinante, vista como demasiado próxima dos interesses britânicos, na decadência nacional patente no ultimato.

Os republicanos capitalizam este descontentamento, iniciando um crescimento e alargamento da sua base social de apoio que levará à implantação da república em 5 de Outubro de 1910.

Alimentando esse ambiente de quase insurreição, a 23 de Março, António José de Almeida, estudante universitário em Coimbra e futuro presidente da república, publica um artigo com o título Bragança, o último, que será considerado calunioso para o rei e o levará à prisão, e a 11 de Abril é posto à venda o Finis Patriae de Guerra Junqueiro ridicularizando a figura do rei. Formalizando a cedência portuguesa, a 20 de Agosto é assinado o Tratado de Londres entre Portugal e a Grã-Bretanha, definindo os limites territoriais de Angola e Moçambique. O tratado foi publicado no Diário do Governo de 30 de Agosto e apresentado ao parlamento na sessão de 30 de Agosto, o que desencadeia novos protestos e nova queda do governo.

Foi neste ambiente conturbado que viveu o Dr. Manuel Penteado.

Bibliografia consultada: História de Portugal de Tomás de Barros
Histórias à Solta nas Ruas de Faro de Dr. Libertário Viegas

Recolha de
João Brito Sousa

2 comentários:

  1. Uma correcção: A foto acima é do interior do ARCO DA VILA.
    LC

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  2. Porto, 2007.12.27

    Caro LC,

    Boa noite.
    Muito obrigado pela correcção. Vou já modificar a legenda,

    Apareça por aqui e diga coisas. E, até lá, aceite os cumprimentos do

    João Brito Sousa

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