(assembleia da república)
CRÓNICA SOBRE A 1ª REPÚBLICA
O ESTADO DA AGRICULTURA
CRÓNICA SOBRE A 1ª REPÚBLICA
O ESTADO DA AGRICULTURA
A participação de Portugal na Primeira Grande Guerra agudizou ainda mais o problema cerealífero, cuja produção já era insuficiente para o consumo interno e obrigava a grandes importações, ajudando a esvaziar os já pouco abastados cofres do Estado.
Perante tal situação, no período pós guerra, o Governo, forneceu o trigo a preço inferior ao preço de compra, praticando o que se chama preços políticos, indo buscar o dinheiro para subsidiar os cereais ao aumento dos artigos considerados de luxo.
Passada a guerra, a república procurou desenvolver outros sectores ligados à agricultura, nomeadamente à criação de gado, a cultura da oliveira, dos pomares e dos produtos hortícolas. A cortiça continuou a ser o produto agrícola de grande exportação.
Porém, apesar de todas as medidas tomadas pelos sucessivos governos, o sector agrícola continuou a ser altamente deficitário A estrutura da propriedade era em grande parte responsável pela pobreza da produção dos campos.
Ao Norte, a pequena propriedade dividia-se cada vez mais, tornando inviável qualquer plano de modernização agrícola. Ao Sul, a grande propriedade encontrava-se na posse de proprietários absentistas que, vivendo sobretudo em Lisboa, não se empenhavam no seu aproveitamento, deixando as terras por cultivar e utilizando-as como reservas de caça. Mas as propriedades médias também se encontravam abandonadas já que, pertencendo em grande parte a comerciantes, eram propriedade de uma classe pouco motivada para a actividade agrícola e dela pouco conhecimento tinha.
Quanto às terras do Douro, centro de produção vinícola, só recebiam a visita dos seus proprietários no tempo das vindimas. Esta situação levou muitas vezes os ministros da agricultura a tentarem uma reforma agrária, que encontrou sempre a oposição dos grandes proprietários e da burguesia urbana. Os governos, apoiados por estes grupos sociais, nunca tiveram força para restaurar a propriedade da terra.
Vários projectos de lei foram feitos, mas nunca passaram à prática. Saliente-se entre eles o do ministro Ezequiel de Campos, que propunha a divisão das propriedades alentejanas em pequenas parcelas que seriam vendidas ou arrendadas a quem as quisesse trabalhar. Os proprietários seriam devidamente indemnizados; com esta lei pensava o ministro aumentar a produção do trigo e a concentração populacional no Sul do País.
Este projecto nunca chegou, porém, a ser discutido, pois o governo de que Ezequiel Campos fazia parte caiu e a lei, como tantas outras, nunca saiu do papel. Deste modo se manteve o tipo de propriedade do nosso país...
Recolha de
João Brito Sousa
Perante tal situação, no período pós guerra, o Governo, forneceu o trigo a preço inferior ao preço de compra, praticando o que se chama preços políticos, indo buscar o dinheiro para subsidiar os cereais ao aumento dos artigos considerados de luxo.
Passada a guerra, a república procurou desenvolver outros sectores ligados à agricultura, nomeadamente à criação de gado, a cultura da oliveira, dos pomares e dos produtos hortícolas. A cortiça continuou a ser o produto agrícola de grande exportação.
Porém, apesar de todas as medidas tomadas pelos sucessivos governos, o sector agrícola continuou a ser altamente deficitário A estrutura da propriedade era em grande parte responsável pela pobreza da produção dos campos.
Ao Norte, a pequena propriedade dividia-se cada vez mais, tornando inviável qualquer plano de modernização agrícola. Ao Sul, a grande propriedade encontrava-se na posse de proprietários absentistas que, vivendo sobretudo em Lisboa, não se empenhavam no seu aproveitamento, deixando as terras por cultivar e utilizando-as como reservas de caça. Mas as propriedades médias também se encontravam abandonadas já que, pertencendo em grande parte a comerciantes, eram propriedade de uma classe pouco motivada para a actividade agrícola e dela pouco conhecimento tinha.
Quanto às terras do Douro, centro de produção vinícola, só recebiam a visita dos seus proprietários no tempo das vindimas. Esta situação levou muitas vezes os ministros da agricultura a tentarem uma reforma agrária, que encontrou sempre a oposição dos grandes proprietários e da burguesia urbana. Os governos, apoiados por estes grupos sociais, nunca tiveram força para restaurar a propriedade da terra.
Vários projectos de lei foram feitos, mas nunca passaram à prática. Saliente-se entre eles o do ministro Ezequiel de Campos, que propunha a divisão das propriedades alentejanas em pequenas parcelas que seriam vendidas ou arrendadas a quem as quisesse trabalhar. Os proprietários seriam devidamente indemnizados; com esta lei pensava o ministro aumentar a produção do trigo e a concentração populacional no Sul do País.
Este projecto nunca chegou, porém, a ser discutido, pois o governo de que Ezequiel Campos fazia parte caiu e a lei, como tantas outras, nunca saiu do papel. Deste modo se manteve o tipo de propriedade do nosso país...
Recolha de
João Brito Sousa
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