terça-feira, 4 de dezembro de 2007

COMENTÁRIO COM DIREITO A POST

(ilha das flors)

O Emprego, HOJE
por Arnaldo Silva

Não sei se o amigo Diogo está de férias nos States ou se está por lá preparando-se para que a sua derradeira etapa deste circuito chamado vida seja o mais confortável possível. Também não sei avaliar do grau da sua apetência para estas questões da vida do Homem na sociedade de hoje. Mas sei que eu já entrei na tal etapa final e que gosto e me interesso pelas evoluções do Homem nestas imprescindíveis andanças de sobrevivência.

A tua crónica de hoje sobre o emprego, ou a falta dele, está correcta, de ideias claras, precisando a realidade que infelizmente vamos vivendo. Pouco mais haverá a acrescentar para quantificar o degradado estado das coisas no campo do actual (des)emprego. Assim sendo, apetece-me tecer algumas considerações sobre as causas de tal situação.

No que concerne às degradadas relações entre patrão e trabalhador, para além das referidas razões, eu aduziria uma que me parece muito pertinente. A nossa Revolução, como tantas outras, cometeu muitos erros. Um deles foi o de educar os seus cidadãos numa base de muitos direitos ao seu direito de ser humano, levando-os a esquecer que também havia obrigações a cumprir.

Perdeu-se o sentido do respeito nas relações sociais pelo excesso do poder reivindicativo de que cada um se arvorou dono e senhor. Hoje um adolescente não respeita mais as cãs de um qualquer sexagenário ou a vontade de um seu progenitor ou as sugestões de um seu professor ou a ordem menos clara do seu chefe. Ele detêm o poder de decidir, por si só e à sua vontade, os destinos da sua vida! Assim sendo, o choque, o atrito, o desencontro de ideias, são inevitáveis.

Um outro erro da nossa Revolução foi o de pensar que, na ânsia de tornar mais iguais os seus concidadãos, poderia formar todos como “doutores” esquecendo a necessária e imprescindível pirâmide dos estratos sociais. Assim, mandou “às cucuias” as Escolas de formação profissional - comercial e industrial – bem como os respectivos Institutos que ministravam um grau mais avançado de formação profissional.

Como resultado temos aí uma força de trabalho mal preparada para os diversos ramos da actividade económica, sendo fácil encontrar um licenciado em História desempenhando as funções de balconista num qualquer Centro Comercial ou o detentor de um curso superior de Filologias “não sei quantos” como motorista de táxi ou ainda um doutorado em uma qualquer outra “gia” a servir copos num bar da 24 de Julho.

Há que dizer ainda que, à boa e bem típica maneira portuguesa, como as Universidades eram uma actividade que estava a dar dinheiro, estas proliferaram e disseminaram-se por este país num tal grau que “produziram” licenciados em exagero face às reais capacidades da sua absorção no mundo do trabalho. Informática “é um emprego com futuro?!”; então é Informática o curso que se deve tirar! Obviamente, por força da degradação da pobre economia portuguesa, hoje há excesso de informáticos, lançando muitos no desemprego!

Arnaldo Silva
Felizmente reformado

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