domingo, 16 de dezembro de 2007

OLHAR S. BRAS DE ALPORTEL

(concelho de Loulé Tôr)

PORTO, 2007.12.15


OLHAR S. BRÁS DE ALPORTEL.

para o Xico Carvalho

É quase Natal.

Muitas pessoas do concelho emigraram à procura de mais e melhores condições de vida e nesta altura do ano, voltam temporariamente à terra que os viu nascer para rever os familiares e amigos, matar o porco e ver as charolas.

Em S.Brás havia antigamente muitas tabernas e algumas adegas e das que havia na vila, as mais conhecidas daquela altura eram a Adega dos "Moços Dias" e a Adega do "Tio Chico Neves". Aviavam os copos de vinho tirados directamente das torneiras das pipas, acompanhado de um pratinho de tremoços e de vez em quando "marchava" uma linguiça assada.

A emigração sempre esteve ligada S. Brás como a todo o País. O Dr. Afonso Costa, um dos mais prestigiados chefes republicanos, defendeu na sua tese de concurso para professor do ensino politécnico em 1911, argumentando que a emigração devia ser livre e que os seus resultados eram benéficos para o País. A primeira Guerra Mundial fez diminuir a emigração, mas nos anos de 1919 e seguintes a emigração voltou a acentuar-se e até hoje sempre foi assim.

E nesta altura do ano os emigrantes voltam para ir ver as charolas no Largo da Vila.

As charolas, são cantos de Natal ao Menino Jesus, levados a cabo por grupos de dez ou doze pessoas, que tocam e cantam canções próprias da época. O grupo é constituído pelo apresentador que transporta o estandarte e ainda por um acordeonista, um tocador de pandeiro, um tocador de castanholas, um de ferrinhos e o resto são vozes.

É um espectáculo grandioso apesar de carácter popular. É assim: rompe o acordeonista e os pandeiros, as castanholas e os ferrinhos e as vozes vão atrás. Quando o acordeonista rompe já as castanholas estão de mãos no ar, mais ou menos ao nível dos ombros com esse instrumento musical dependurado nas mãos e, com uma virada firme, fazem as castanholas bater umas nas outras, resultando daí um som musicalmente favorável

Os homens do pandeiro, que podem ser dois ou quatro, seguram o dito na mão esquerda colocada ao nível dos ombros e a mão direita colocada ao nível do umbigo, mais ou menos e quando o acordeonista começa, os homens do pandeiro vão atrás do ritmo, dando ao corpo o correspondente movimento musical. Os ferrinhos começam em baixo com o triângulo na mão esquerda e a ferro que bate nos catetos na mão direita. E começa a festa... e o povo aplaude

Bonito .. mas só em S. Brás de Alportel.

E a vida torna-se mais atraente.

João Brito Sousa

Sem comentários:

Enviar um comentário