(Chaves)
O MANEL DAS BOUÇAS
por João Brito Sousa
O Manel das Bouças é que matava o porco em casa do meu compadre Zé Esteves ou o Estevinha, como a gente, os mais próximos lhe chamávamos. O animal tinha pequenos almoços, almoços e jantares avantajados para pôr carne no lombo, pois em casa do meu compadre Zé Esteves, ou bem que as coisas se faziam ou bem que não se faziam.
O meu compadre Estevinha é hoje reformado. Homem de olho na coisa, quando era catraio, desde cedo que começou a rondar a casa do vizinho Damásio, que tinha quatro ou cinco filhos, duas eram moças e o Zé Esteves via ali uma boa jogada, ficava com a moça e com as fazendas do velho Damásio. Os olhos luziam-lhe a olhar o vinhedo da encosta. Vai ser assim Damásio, isso que tu tens hoje, a maior parte vai ser meu, dizia lá para consigo o Estevinha. Os meus cunhados são uns “pichotes”, pensava. E o Zé Esteves, já se via na raia a vender os presuntos que havia comprado em Chaves.
Zé Esteves, voltara à terra já reformado, depois de ter andado pelo País todo. Tinha herdado do Pai e do sogro e hoje era um fazendeiro rico.
E era hoje a matança do porco.
Foi na venda do Ti Lira que encontrou o Manel das Bouças, um que era sapateiro, bom de naifa e que costumava matar os porcos lá na aldeia. Manel, disse o Zé Esteves, tens alguma coisa para o dia 24?:.. Porquê, disse o Bouças.. Tenho lá o animal com vinte arrobas... aguentas-te ou não?!... E o Bouças, medindo o Zé Esteves de alto a baixo mandou-lhe esta: prepara mas é a cachaça... estás a ouvir. Quanto mais cachaça mais àvontade eu tenho... já sabes, o animal morre mais tranquilo e o serviço faz-se melhor. Estás a ouvir ó Zé Esteves. E agora vais pagar um copo e fica selado o acordo..
Conversaram sobre tudo, sobre os tempos de infância, a missa do galo com o padre Jorge, a escola primária com a D. Teresa, alentejana de Melides, de quando iam à uva... .. enfim daquelas criancices que todos nós temos. E o Estevinha ainda disse: ò das Bouças, ainda te lembras quando fomos às meninas a Bragança. Áh cão... que deste cabo do material todo.. Dia 24 disse o Zé Esteves e o das Bouças ... aperta aqui.
E despediram-se
O Joaquim, filho do Estevinha é que trazia o animal da pocilga para as mãos do das Bouças. Vinha grunhindo e o rapaz dava-lhe umas palmadas nas ancas... anda lá ó bicho E o Manel da Bouças a fancos para a jogada mortal.
(continua)..
JOÃO BRITO SOUSA
por João Brito Sousa
O Manel das Bouças é que matava o porco em casa do meu compadre Zé Esteves ou o Estevinha, como a gente, os mais próximos lhe chamávamos. O animal tinha pequenos almoços, almoços e jantares avantajados para pôr carne no lombo, pois em casa do meu compadre Zé Esteves, ou bem que as coisas se faziam ou bem que não se faziam.
O meu compadre Estevinha é hoje reformado. Homem de olho na coisa, quando era catraio, desde cedo que começou a rondar a casa do vizinho Damásio, que tinha quatro ou cinco filhos, duas eram moças e o Zé Esteves via ali uma boa jogada, ficava com a moça e com as fazendas do velho Damásio. Os olhos luziam-lhe a olhar o vinhedo da encosta. Vai ser assim Damásio, isso que tu tens hoje, a maior parte vai ser meu, dizia lá para consigo o Estevinha. Os meus cunhados são uns “pichotes”, pensava. E o Zé Esteves, já se via na raia a vender os presuntos que havia comprado em Chaves.
Zé Esteves, voltara à terra já reformado, depois de ter andado pelo País todo. Tinha herdado do Pai e do sogro e hoje era um fazendeiro rico.
E era hoje a matança do porco.
Foi na venda do Ti Lira que encontrou o Manel das Bouças, um que era sapateiro, bom de naifa e que costumava matar os porcos lá na aldeia. Manel, disse o Zé Esteves, tens alguma coisa para o dia 24?:.. Porquê, disse o Bouças.. Tenho lá o animal com vinte arrobas... aguentas-te ou não?!... E o Bouças, medindo o Zé Esteves de alto a baixo mandou-lhe esta: prepara mas é a cachaça... estás a ouvir. Quanto mais cachaça mais àvontade eu tenho... já sabes, o animal morre mais tranquilo e o serviço faz-se melhor. Estás a ouvir ó Zé Esteves. E agora vais pagar um copo e fica selado o acordo..
Conversaram sobre tudo, sobre os tempos de infância, a missa do galo com o padre Jorge, a escola primária com a D. Teresa, alentejana de Melides, de quando iam à uva... .. enfim daquelas criancices que todos nós temos. E o Estevinha ainda disse: ò das Bouças, ainda te lembras quando fomos às meninas a Bragança. Áh cão... que deste cabo do material todo.. Dia 24 disse o Zé Esteves e o das Bouças ... aperta aqui.
E despediram-se
O Joaquim, filho do Estevinha é que trazia o animal da pocilga para as mãos do das Bouças. Vinha grunhindo e o rapaz dava-lhe umas palmadas nas ancas... anda lá ó bicho E o Manel da Bouças a fancos para a jogada mortal.
(continua)..
JOÃO BRITO SOUSA
Sem comentários:
Enviar um comentário