domingo, 16 de dezembro de 2007

PORQUE HOJE É DOMINGO

(em almada com a minha filha alexandra)

PORQUE HOJE É DOMINGO
"Aprendi no varar de anos dolorosos que o homem nasce derrotado."
BB viagem de um pai...124

Algumas notas.

Em primeiro lugar, quero enviar um abraço para a minha filha que visitei em Almada na sexta feira. Pareceu-me melhor da sua desgraçada saúde... mas... tenho saudades dela. E não consigo estar muito tempo fora dela.. É uma mulher doente que precisa do meu apoio e não estou presente... NÃO ME SINTO BEM COM ESTA SITUAÇÃO.

A seguir futebol, antes que venha o que está registado na repartição de Finanças como escritor Álvaro Magalhães, a quem o meu amigo Spiritwolf dá razão na troca de galhardetes que troquei com ele, dizer lá no seu “VISTO DO SOFA”, publicado ao domingo aqui no JN do PORTO, que o FCPORTO é aquela máquina etc e tal ... eu gostaria de dizer que começo a desconfiar da máquina, porque só as máquinas não falham.

A não ser que seja aquela teoria de quando falham os jogadores não falham os árbitros que estão sempre prontinhos da silva. para dar uma mãozinha como eu disse noutros artigos. Estranhamente parece não ter havido casos neste jogo com o Guimarães e o FCPORTO ganhou limpo, o que na minha opinião é raro..

Entendo que o FCPORTO a jogar assim está a utilizar capacidades acima da média, o que me parece muito estranho..

Entendo que os sócios, simpatizantes e adeptos não merecem que a equipa ganhe, porque sarcasticamente dizem-me ... já estamos a dez pontos. Se formos ver a coisa bem não deveram estar nenhum, o na melhor das hipóteses adis ou três. Mas estão a dez porquê? È isto que vou perguntar ao MST amanhã e pergunto agora ao homem do “VISTO DO SOFÁ”.

Agora, para o engenheiro aero espacial JPS que diz gostar de me ler, aí vão umas notas sobre a nossa tera.

O LARGO DA SENHORA DA SAÚDE

Comecei a frequentar o Largo da Senhora da Saúde desde muito cedo. Talvez desde os cinco anos quando ia para a escola paga das filhas do Mestre Vicente, a Alda, a Lídia e a Teresinha. E passei por lá muitas vezes, quando ia para a escola para Faro, sobretudo à noite, quando vinha de bicicleta sem luz, para fugir à GNR.

Da minha geração lá do Largo, era o João Silvino Gago, que fez a quarta classe comigo em Mar e Guerra e andámos muitos anos juntos. Íamos a bailes longe ou perto, Quarteira esplanada, Os Olhanenses esplanada, Baile da Comissão em Loulé, Sociedade de Almancil , Salir, Tôr e por aí fora.

A seguir à casa do Joaquim Tarreta vinha a curva onde à direita o João Silvino tinha uma horta e cento e cinquenta metros à frente começava uma correnteza de casario onde parece morava o Joaquim Urbano e os irmãos. O Joaquim parece que tinham uma irmã ligada a uns tipos da família Rato, um chamado Simplício, que parece capavam porcos também e que eram tosquiadores de mulas e machos. .

As vedetas do Largo eram os irmãos Cotovio, o Adelino do meu tempo e o Albino um pouco mais velho. Eram dois valentes estes dois moços. Atarracados mas fortes, andavam sempre à porrada naquelas coisas de moços, abarcas todos os dias. O Pai desses moços também se chamava ALBINO e era carreiro em Faro, junto ao hotel Eva e fazia fretes com o carro de mula. Era um homem teso..

O Largo tinha uma igreja que nunca vi funcionar mas o sino tocava. A escola do Mestre Vicente era aí ao lado da torre do sino e o Largo propriamente dito era em frente a essa Torre do sino.

Quem vai para FARO à esquerda tem a venda da Maria José e da Ivete e logo a direita fica a horta dos Tarretas, não sei em que ano mudaram lá de trás de antes da curva para ali, não dei por isso, quando dei por mim estavam lá as palmeiras. E é ali que um dia iremos descerrar uma lápide

O programa fica aqui já definido. O Zé Elias Moreno faz o discurso, veêm.os Bombeiros de Faro com o LARGUITO à frente no bombo e com o stick a dar três voltas no ar antes de bater, vem a banda de Paderne e o rancho da Conceição de Faro com o Zé Moreno que já lá dança há quarenta no e o Diogo Tarreta, Pai, puxa o fio e descerra a lápide onde pode ler-se o que eu escrevi.

AQUI VIVEU O ENGENHEIRO ASTRONAUTA JOÃO PAULO SOUSA.

Era bom que tivessem lá os vizinhos todos, o Bernardino que morava logo a seguir à esquerda e irmão, o Henrique Cristina que é primo, O Felício do Joaquim Mestre, a Dília e o Zé Pinto que mora depois do Joaquim Mestre à esquerda e os parentes Diogos do Zé Diogo do Laanjal. Sou do tempo do Felício que já faleceu, coitado...

Tenho uma certa atracção pelos largos. Falar de largos para mim é citar o escritor alentejano Manuel da Fonseca, que no seu “o FOGO E AS CINZAS” página 29 , escreve:

“... pelo fim da tarde, o velho Ranito sai da venda rangendo os dentes. Outrora, foi mestre- artífice; era importante e respeitado. Hoje, é tão pobre e sem préstimo.... que apenas sabe embebedar-se. Mas... pequeno e fraco o vinho transforma-o. Entesa-se, ergue o cacete e, sem dobrar os joelhos, apenas com um golpe de pés, pula para o ar e dá três cacetadas no pó do Largo antes de tocar de novo com os pés no chão.. Ergue a cabeça e grita, estonteado:
- Se há í algum valente que salte para aqui!.”

Que grande lição de vida esta do largo.

E eu escrevi este poema ao velho RANITO.

HOMENAGEM AO VELHO RANITO

Óh Ranito, óh meu canzil, óh meu sacana....óh meu velho,
Onde é que paras ladrão... onde é que andas ... onde estás!
Eu queria de ti apenas um esclarecimento e um conselho,
Pois...para os dar, só alguém, rijo e forte como tu é capaz.

Ranito, como é que se vai para o céu...diz lá.... só tu sabes.. tu só.
Como é isso de, no Largo, ergueres o cacete e sem dobrar os joelhos
Com um golpe de pés, apenas, pular no ar e dar três cacetadas no pó
Antes de tocar de novo com os pés no chão?... Quero os teus conselhos.

E depois Ranito, como é que é...tu, meu bandido... meio estonteado,
Ainda tiveste a lata de desafiar algum valente... como tu, embriagado,
Para discutir no Largo da vila.... a supremacia.... o valor da vida!..

Ranito, enquanto cá andaste, tu óh valente, percebeste alguma coisa disto?...
Viste justiça social, honra e dignidade, solidariedade ...eu não... e já não resisto
A dizer-te óh Ranito...que só bêbado como tu se pode ganhar esta corrida.

Deixo aqui um abraço para todos do

João Brito Sousa

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