quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

CRÓNICAS DA 1ª REPUBLICA

(assembleis da república)


A REPÚBLICA SOCIAL

Uma República social começou a ser julgada como utópica por muitos republicanos que se davam conta de que as condições reais da sociedade portuguesa e as realizações possíveis estavam muito longe de aspirações sociais igualitárias. Num País como Portugal onde os operários representavam uma minoria insignificante, ligar o sonho de República aos seus objectivos específicos de classe significaria adiar mudança de regime por várias gerações.

Parecia mais realista, a fim de atrair a burguesia, renunciar aos princípios «socialistas» e prosseguir com os princípios «democráticos de tipo político» Não obstante, os ideais socialistas ou socializantes jamais foram esquecidos, ao menos do ponto de vista teórico. De certa maneira, pode dizer-se que o republicanismo português se fez «socialista» em princípio, mas burguês na prática.

Esta solução provou ser a correcta. Em meados da década de 1870 nasce o Partido Socialista Português, divorciado da ortodoxia republicana, e com ele o gradual crescimento do Partido republicano A partir da década de 80, os socialistas entraram a marcar passo, enquanto os republicanos marchavam avante com sempre crescente vigor. O Federalismo nunca foi completamente esquecido, mas os propósitos imperialistas de muitos espanhóis não ajudaram `a difusão.

De um ponto de vista estritamente político, os republicanos seguiram o modelo das instituições suíças. Defendiam o sufrágio universal – a que mais tarde renunciaram -, o predomínio do legislativo sobre o executivo e uma actividade presidencial mínima. Eram contra o serviço militar obrigatório e contra o corpo diplomático, que reduziram a um simples corpo consular. Insurgiam-se contra diversos tipos de impostos e pugnavam pelo desenvolvimento do cooperativismo.

João Brito Sousa

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