Mais do que apontar as suas contradições ou a vacuidade do seu discurso, mais do que encontrar podres no seu passado, a forma de matar Obama é mostrar o que está mais à vista. Será com a sua cor que tentarão quebrar o encantamento
Obama representa a promessa da inocência. A ideia de que a intolerância ideológica e o ódio moralista de que se alimentaram os conservadores no poder podiam ser ultrapassados por uma retórica de reconciliação. As palavras mudam as coisas e as de Obama começaram a mudar. Mas seria ingénuo quem julgasse que não tropeçariam na realidade até às eleições.
Obama representa a promessa da inocência. A ideia de que a intolerância ideológica e o ódio moralista de que se alimentaram os conservadores no poder podiam ser ultrapassados por uma retórica de reconciliação. As palavras mudam as coisas e as de Obama começaram a mudar. Mas seria ingénuo quem julgasse que não tropeçariam na realidade até às eleições.
Bastou a divulgação dos sermões violentos contra a América do seu amigo e pastor, o reverendo Jeremiah Wright, dizendo que Obama não se encaixava no padrão de um país dominado por brancos e que isso nunca lhe seria perdoado, para criar um terramoto político. A segregação e o ressentimento podem ter feito um minuto de silêncio para dar uma oportunidade a Obama. Mas num país onde a questão racial é a mais mal resolvida de todas as questões como poderia a cor de Obama ser um pormenor? Obama é um negro que teve vida de branco e isso alimentou ilusões.
Mas as suas companhias, as de negros com vida de negro, trouxeram à campanha a biografia da raiva. A reacção de Obama à polémica mostrou como não é um político comum. Num discurso brilhante, distanciou-se, mas recusou a frase feita. Aproveitou o embaraço para subir o nível do debate.. Trouxe política à política. Coisa rara em políticos.
Os sermões do reverendo foram uma excelente desculpa para acordar do sonho. Mais do que apontar as suas contradições ou a vacuidade do seu discurso, mais do que encontrar podres no seu passado, a forma de matar Obama é mostrar o que está mais à vista. Será com a sua cor que tentarão quebrar o encantamento. Porque a América de que Obama fala, misturada e em que tudo é possível, ainda é só um discurso. Obama tem cor e a cor divide. Os americanos lembraram-se agora. Não é racismo.
É que a sua cor, sendo uma promessa de que tudo poderia ser diferente, exibe como está tudo tão igual. E ninguém se queria lembrar disso agora.
A vida pessoal do refugo
MEU COMENTÁRIO.
Considero este um muito bom texto político como considero Obama um bom candidato.
Publiccação de
João Brito Sousa
João Brito Sousa
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