sexta-feira, 21 de março de 2008

O NOSSO PAÍS NO TEMPO DOS BRANDÕES

(museu dos BRANDÕES)

O NOSSO EXÉRCITO,
Estava cheio de oficiais ingleses, aqui colocados e impostos por Sir William Carr Beresford, delegado do governo de Inglaterra, que pretendia transformar Portugal num protectorado, como no Egipto, e que arrancava ao erário público todo o dinheiro da nação empobrecida e em extremo estado de miséria, resultando daqui que começou a nascer uma ideia de reacção a este estado de coisas, pois ainda não se tinha perdido o brio nacional.

O espírito de independência estava bem vivo no nosso País, que, acompanhado de perto pelos ideais da liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa de 1789 (que tinham percorrido toda a Europa) encontrara um bom acolhimento em Portugal, mais a Constituição espanhola de 1808 e mais tarde de 1817, fez nascer em Portugal a suprema aspiração de um regime livre, que tivesse por base uma lei fundamental e sacudisse de vez o jugo estrangeiro que nos perdia e humilhava ao extremo e à vista de todo o Mundo.

Em favor destas ideias e correndo a par e passo com elas, estavam as tais sociedades secretas, que se iam formando em diferentes pontos do País e onde os franco-maçons ou pedreiros livres, como vulgarmente se designavam, se esforçavam por dar uma direcção aos protestos contra o Lord Protector e contra os Ingleses egoístas e absorventes.

A primeira associação foi denominada «Supremo Conselho Regenerador de Portugal, Brazil e Algarves» que não tardou a ser descoberta e severamente punida pelo despotismo dominante.

Onze dos seus membros subiram ao patíbulo no Campo de Santana e o General Gomes Freire de Andrade sofreu morte ignominosa, sendo enforcado na esplanada da torre de S. Julião da Barra, porque houve medo de o mandar fuzilar pelas tropas, com receio de que estas se indisciplinassem.

Rodrigo da Fonseca Magalhães salvou-se, disfarçado em aguadeiro, para o que muito lhe valeu saber falar bem o dialecto galego.

Foi um desastre esta primeira tentativa do País se livrar do domínio inglês.

Mas apesar disso, não tardou muito que, na cidade do Porto, se formasse outra associação secreta com o mesmo fim e de que faziam parte, Manoel Fernandes Tomás, José Ferreira Borges, José da Silva Carvalho, Ferreira Viana e Duarte Leça, que agregaram muitos outros associados e todas as classes, entre os quais se conta o Dr. Roque Ribeiro Abranches Castelo Branco, mais tarde Visconde de Midões.

Esta associação, cerca de dois anos mais tarde, fez a revolução liberal de 24 de Agosto de 1820, de cujo movimento saiu a Constituição Política de 1822, que João VI jurou e mandou cumprir..

Texto de
João Brito Sousa

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