segunda-feira, 10 de março de 2008

COISAS DA MINHA TERRA


AS VENDAS DO PATACÃO

A VENDA DO PAPO SECO..

As vendas eram lugares de comércio onde o pessoal do campo ia fazer as suas compras ou beber um copo de manhã, à tarde ou à noite. As vendas ou locais de venda, eram estabelecimentos onde se vendiam bens alimentares e bebidas alcoólicas avulso, tendo desempenhado bem o seu lugar na zona onde estavam inseridas. No Patacão havia aí umas quatro ou cinco; a do Papo Seco, a do Bernardo Piriquito, a do Rolim, a do José de Sousa e a do Passos.

A venda do senhor Reinaldo, a quem a ente chamava o Papo Seco, ficava ali à direita de quem vem de Faro, antes do Mestre Serafim, o barbeiro que cortava o cabelo à gente por três escudos e era o Pai da Lurdes que casou com o Manel Piedade, filho do caiador e que mais tarde havia de ser contínuo na Universidade do ALGARVE e que morreu sem me dizer nada. O Manel era boa praça e quando se ria dava umas gargalhadas enormes e lá ia. Os outros irmãos da Lurdes era o Artur que chegou a Oficial do Exército, outra era a Fernanda e outra que era a Lucrécia que vive no Canadá e ainda o Custódio que vive e trabalha também no Canadá e que ganhou lá um totobola ou totoloto no valor de dois milhões de dólares.

Na venda do Papo Seco quem servia as cervejas era uma rapariga nova que trabalhou lá muito tempo ao balcão e tinha muito jeito para o negócio. Quem era lá um assíduo frequentador da venda era o Joaquim Portela que passava lá quase as tardes todas, bebia uma cerveja ou duas e conversa com a donzela para a frente. A venda servia também almoços aos camionistas que por lá passavam, entre eles o meu sogro que trabalhava no Aeroporto.

O castiço era quando chegava o Ti Manel Catrunfa, fazia a sua despesa e depois ao pagar, perguntava, quanto é a despesa menina?... é cinquenta, dizia ela. E ele, o Ti Manel, muito inchado perguntava-lhe: ó menina, então diga lá de que qual algibeira quer que tire o dinheiro para pagar a despesa?... e a menina dizia.. olhe, pode ser dessa algibeira ai ao pé dos tomates.... e o Ti Manel ria e a coisa ia....

O Ti Manel Catrunfa era um velhote giro, escorreito, magro e devia de ter sido um rapaz com pinta nos seus tempos de juventude. Era um homem agora aí dos seus setenta anos, boa gente e tinha cinco ou seis filhos. Era muito amigo do senhor Reinaldo e da mulher, a D. Lídia que era quem geria o restaurante, pois o Reinaldo, sempre muito bem vestido e penteado, andava sempre na gandaia, mas era boa gente.

A venda tinha um snooker e quem jogava lá muito era o António Borrego, que era cunhado do Joaquim Mestre. O outro era o Julião, o filho da professora. O José dos Santos, o Custódio Mariano, o Zé Quintas... era tudo malta que aparecia lá.

E lá para as dez horas da noite íamos para cima da ponte, da parte de trás do senhor Martins, ouvir oZé Navalhas imitar o Clementino Baeta.. Assim,

Estas putas dum cabrão
Não me deixam alomoçar
Ora palha ora carvão.
Não me deixam descansar.

João Brito Sousa

5 comentários:

  1. Boa Tarde,

    Regressei há pouco desse simpático sítio que dá pelo nome de Patacão.Foi tratar duns arrajos de estofos com o estofador Sr. António Diogo, mas atendido pela Srª. Paula.
    Depois fui tomar um café no Café/Pastelaria situado no gaveto da estrada que segue para MAR e GUERRA, foi por aí que segui para Faro, passando à Escola Primária aqui tão falada por si ; CHELOTE; Cruzamento da Estrada de S.Brás e rumando então em direcção a Faro.
    A propósito do Estofador, creio ser ali por perto que habita o nosso amigo João Patoleia!Estou certo?
    E pronto, depois da descrição deste passeio pela sua terra,aqui deixo os meus Cumprimentos.

    AGabadinho

    ResponderEliminar
  2. ALÓ ANTÓNIO.

    Viva.

    É bom passear por essas bandas.

    O João mora para aí não sei bem onde é agora.

    O TM dele é 961 828 973

    abraço do

    JBS

    ResponderEliminar
  3. Amigo AGabadinho.
    Pois eu moro mesmo ao lado da casa dos estofos,foi pena nós não nos encontramos para umcafésinho e põr a conversa em dia
    -. Um abraço .João Patuleia

    ResponderEliminar
  4. Boa Noite,

    "AINDA A VENDA DO PAPO SECO"

    Foi depois do Patacão que o Sr. Reinaldo rumou a Faro, tendo comprado o trespasse de uma taberna (venda), situada na Estrada da Penha, próximo da Oficina do Sr. José Francisco Custódio (já falecido) dos furos de captação de água. Aí, estabeleceu-se igualmente na companhia da sua esposa Dª. Lídia com esta sempre na gerência do negócio e mulher suponho, de idade mais avançada.
    Recordo perfeitamente a figura do Sr. Reinaldo, a sua maneira muito própria de falar, tipo brincalhão, sempre bem vestido e de cabelo sempre bem penteado e “abrilhantinado”. Sempre pronto para as suas saídas de gandaeiro montado na sua “FLORETT” de cor creme – uma boa motorizada para a época (início dos anos sessenta).

    Era também aí, na venda do Papo Seco, mas quase sempre atendidos pela Dª. Lídia que a malta ia comprar os tais cigarrinhos avulso, (das marcas “Porto”;”Sagres”;”SG” etc. eram 4 por um escudo; das marcas sem Filtro: “Sporting”; “Português Suave”;”Paris”etc. eram 5 por igual preço).

    Outros tempos!!!

    Cumprimentos

    AGabadinho

    ResponderEliminar
  5. Boa Tarde, Amigo João Patuleia.

    Quem me disse que moravas por aí, junto ao Estofador e/ou Casa dos Toldos, foi o António Estevão, marido da Aurora!!!
    Sabes quem são, por serem teus velhos conhecidos e amigos.
    Um dia destes apareço por aí, novamente.

    Um Abraço

    AGabadinho

    ResponderEliminar