segunda-feira, 17 de março de 2008

EU GOSTO DE OLHÃO


(Mercado de OLHÃO)

EU GOSTO DE OLHÃO

OLHÃO é futebol e futebol em Olhão é CASSIANO.

Venho do lado das hortas para falar de Olhão. A minha terra é “Os Braciais”, que fica antes de chegar ao Patacão para quem vai de Mar e Guerra, a terra do Ti Manuel Garrocho, do caiador Manuel Piedade e do João Patuleia, o homem mais rico da terra pelos amigos que tem.

Nos Braciais produzimos as batatas e os tomates, as cebolas, as couves e demais verduras, que vamos vender à praça de Olhão e que servem de acompanhamento às boas sardinhas que se comem naqueles restaurantes ao pé da praça.
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Olhão é porto de pesca de bom peixe, e é a terra do clube de futebol onde jogaram o Arcanjo, Parra, Poeira e Nuno, Grazina, Abraão e Loulé, Tamanqueiro, Abreu e Delfim.. . e Manuel Gancho.

Olhão é simpatia de gente bem como aquela linha avançada formada pelo Manuel da Costa, Joaquim Paulo, Cabrita, Salvador e Eminêncio..

Uma vez no estádio de S. Luís em Faro, num jogo para a Taça de Portugal, jogava-se o Sporting Clube Farense contra o Sporting Clube de Portugal. .Ás tantas, um cavalheiro atrás de mim ia tecendo alguns comentários e dizia: No meu tempo, era Pai contra Filho eu e o Zé Águas. E ele não levava a melhor.

Esse cavalheiro era o Grazina que jogava a back centro no Olhanense.

Grazina era o maior. Tinha tudo; colocação no terreno, visão de jogo, qualidade no passe, poder de elevação e de antecipação ... tudo... tudo...

Mas Olhão tem mais, tem o seu povo marinheiro, os marítimos, como diz Raul Brandão na sua obra, “Os Pescadores”. Há cinquenta anos atrás, diz ainda Raul Brandão, os que .não eram marítimos eram filhos ou netos de marítimos, eram pescadores costeiros ou pescadores do alto que iam à cavala ao Norte de África..

A pesca costeira em Olhão, era para o cachucho, o goraz, o safio, a carocha, o ruivo, a abrótea e a pescada. Para formar a equipa da pesca, toda a noite o chamador batia, de porta em porta com um cacete, dizendo... arriba com Deus ó mano . Nesta arte ia ao mar quem queria .. e as mães diziam às filhas:- Ó filha, Deus queira que não olhes para home que ande na arte!...

O marítimo de Olhão tem, como nenhum outro, um grande sentimento de igualdade: estende a mão a toda a gente. Em todas as casas há uma gaiola com um pintassilgo. Os homens do mar sempre tiveram grande ternura pelas aves. As mulheres até à pouco tempo usavam bioco.

A soteia é o seu encanto: sítio esplêndido para respirar, eira para a alfarroba e o figo e quarto para dormir no Verão sob um pedaço de vela.

Olhão, terra de gente séria e honrada. Terra do Zé Viegas ou Zé da Mónica, dos Mestres Manuel Gomes, Zé Coelho, Zé Farroba e do Mestre Fadagulha.


João Brito Sousa

1 comentário:

  1. O texto sobre o Sr. Reinaldo (Papo Seco), está impecável.Gostei.

    Agora tomo a liberdade de lhe enviar um ficheiro com uma imagem do Mercado de Olhão.Caso queira, pode inseri-la no seu bonito 'Post'; 'Eu gosto de Olhão'.
    No Olhanense, e mais ou menos nessa época ainda jogaram o Abade (Guarda Redes); depois o Filhó ; os defesas, Alexandrino; Alfredo; Reina e o Luciano, este, defesa central que ingressou no Benfica mas que, infelizmente teve uma morte trágica.
    Desulpe este 'recoerdo'.

    Cumprimentos
    AGabadinho

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