CRÓNICA DE MANUEL POPPE
Jornalista
Jornalista
GEORGE BERNANOS, em "Diário dum padre de aldeia", escreve "o mal é que a justiça dos homens chega sempre tarde: castiga certos actos sem ir além de quem os cometeu".
Por que trago o grande romancista católico, tão incómodo e implacável a denunciar a covardia e a hipocrisia?
Serve à infeliz história de uma aluna e de uma professora da Escola Carolina Michaëlis. O que está por trás do incidente? Até que ponto é responsável a aluna? E o que poderia fazer a professora, naquele momento, sem que os "juízes" improvisados da opinião pública lhe caíssem em cima? Assistimos ao desastre que poder e política do ensino foram provocando.
Há anos (nos últimos tempos, perfidamente) que os professores são desprestigiados, desautorizados, rebaixados -e ninguém mais do que o aluno se aproveita dessa desclassificação social. E o aluno, por sua vez, quem é? Outra vítima: um adolescente, um jovem atirado às ortigas, na sociedade de indiferença e solidão.
Basta olhar à volta para perceber que confrontos desses podem acontecer -provavelmente acontecem- todos os dias. A sociedade em que vivemos olha ao lucro, não olha à pessoa que a tecnocracia não liberta escraviza. Acontece a evolução regressiva. Transformam-nos em peças, objectos. O quotidiano, para a esmagadora maioria, representa corrida, a toque de caixa. Pais e adolescentes estão separados, desconhecem-se, e o professor, que o sistema analfabetizante sufoca, não pode ser professor.
OPINIÃO DE
MIGUEL VEIGA
Idade 71
Por que trago o grande romancista católico, tão incómodo e implacável a denunciar a covardia e a hipocrisia?
Serve à infeliz história de uma aluna e de uma professora da Escola Carolina Michaëlis. O que está por trás do incidente? Até que ponto é responsável a aluna? E o que poderia fazer a professora, naquele momento, sem que os "juízes" improvisados da opinião pública lhe caíssem em cima? Assistimos ao desastre que poder e política do ensino foram provocando.
Há anos (nos últimos tempos, perfidamente) que os professores são desprestigiados, desautorizados, rebaixados -e ninguém mais do que o aluno se aproveita dessa desclassificação social. E o aluno, por sua vez, quem é? Outra vítima: um adolescente, um jovem atirado às ortigas, na sociedade de indiferença e solidão.
Basta olhar à volta para perceber que confrontos desses podem acontecer -provavelmente acontecem- todos os dias. A sociedade em que vivemos olha ao lucro, não olha à pessoa que a tecnocracia não liberta escraviza. Acontece a evolução regressiva. Transformam-nos em peças, objectos. O quotidiano, para a esmagadora maioria, representa corrida, a toque de caixa. Pais e adolescentes estão separados, desconhecem-se, e o professor, que o sistema analfabetizante sufoca, não pode ser professor.
OPINIÃO DE
MIGUEL VEIGA
Idade 71
Profissão Advogado
"Andei numa escola pública e não tenho memória de indisciplina, havia um grande respeito pela figura do professor.
Faziam-se algumas picardias aos funcionários, mas não faltas de respeito. Não éramos santos, havia conversas, copianços, os professores tinham alcunhas, faltávamos às aulas para ir jogar bilhar, mas tudo se resumia a isso mesmo. Num momento de maior barulho na sala de aula o franzir de sobrolho do professor ou da professora bastava para que voltasse o silêncio.
Recordo-me de ter sido repreendido pelo reitor do liceu. Tinha ganho um prémio nacional, que era um pergaminho. Como não lhe dei importância um colega quis comprá-lo por 10 paus (escudos), claro que vendi. O reitor, que era um autoritário, eram todos do regime, chamou-me e advertiu-me solenemente que eu tinha tido um comportamento indigno.
Havia também muito medo".
MEU COMENTÁRIO:
Sempre estive do lado dos professores, porque estive lá dentro e senti algumas dificuldades em desempenhar a profissão.
Para um professor, não dominar uma turma, é frustrante. E, duma maneira geral, o professor não tem tido o apoio que é necessário.
Subscrevo totalmente o que diz Manuel Pope na sua crónica e não percebo nem vejo razão nenhuma para que o PS realizasse o comício contra, penso eu, os professores, facto que considero muito estranho.
Publicação de
João Brito Sousa.
Faziam-se algumas picardias aos funcionários, mas não faltas de respeito. Não éramos santos, havia conversas, copianços, os professores tinham alcunhas, faltávamos às aulas para ir jogar bilhar, mas tudo se resumia a isso mesmo. Num momento de maior barulho na sala de aula o franzir de sobrolho do professor ou da professora bastava para que voltasse o silêncio.
Recordo-me de ter sido repreendido pelo reitor do liceu. Tinha ganho um prémio nacional, que era um pergaminho. Como não lhe dei importância um colega quis comprá-lo por 10 paus (escudos), claro que vendi. O reitor, que era um autoritário, eram todos do regime, chamou-me e advertiu-me solenemente que eu tinha tido um comportamento indigno.
Havia também muito medo".
MEU COMENTÁRIO:
Sempre estive do lado dos professores, porque estive lá dentro e senti algumas dificuldades em desempenhar a profissão.
Para um professor, não dominar uma turma, é frustrante. E, duma maneira geral, o professor não tem tido o apoio que é necessário.
Subscrevo totalmente o que diz Manuel Pope na sua crónica e não percebo nem vejo razão nenhuma para que o PS realizasse o comício contra, penso eu, os professores, facto que considero muito estranho.
Publicação de
João Brito Sousa.
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