quinta-feira, 20 de março de 2008

AS HORTAS DA MINHA TERRA


A HORTA DO TI XICO QUINTAS.


Quem vai do PATACÃO para MAR E GUERRA, à direita, em frente à horta do António Mascarenhas ou do Joaquim Madeira, fica a horta do Ti Xico Quintas.

Semeava - se aí de tudo. Milho para possivelmente ser mais tarde vendido no grémio da Lavoura e que servia também de alimento e engorda do porco que ia abaixo no Natal, para as galinhas e para moer na mó de casa, de cuja farinha se fazia o xarém ou papas de milho

O xarém era servido com sardinhas amarelas ou estibadas, compradas na venda do Zé Manelinho. Também se servia o xarém com conquilhas, que o Dionísio Lobacota ia comprar à praça de Faro e depois vinha vender ao campo..

O Ti Xico Quintas era um velhote amoroso e muito meu amigo. Dava-me conselhos. Era um homem de respeito. E conhecia bem a minha família toda. Ainda me lembro de o ver no funeral do meu avô. Muito bem vestido, imponente, quase diria, lá estava ele. Velho seco e enxuto.

Vivia do rendimento da horta que amanhava com o auxílio dos filhos, o Zé e o Agostinho. A Maria José ou a Zézinha, como a mãe lhe chamava, andava a aprender costura no atelier da minha tia Silvina.

As hortas morreram todas porque as pessoas emigraram à procura de melhores condições de vida. O Zé foi para a Austrália e já regressou à Terra, creio que ainda trabalha num Hotel em Albufeira e o Agostinho emigrou para os Estados Unidos da América do Norte. A Zezinha esteve na Austrália e também já regressou.. Está tudo bem.

Da primeira vez que o Zé Quintas veio cá da Austrália, o meu padrasto foi com ele e mais uns amigos dar uma passeata até Quarteira e tal, aí para essas zonas. A minha ligação ao Zé, foi quando ele veio cá uma vez e comprou um Simca Aronde e demos por aí umas voltas

O Agostinho continua nos Estados Unidos e a Zezinha reside nos Braciais..

E a horta lá esta.

João Brito Sousa

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