sexta-feira, 7 de março de 2008

ELEIÇÕES AMERICANAS

(casa branca)
APÓS O TRIUNFOS, HILLARY DEVE REFORÇAR ATAQUES CONTRA OBAMA

Vitórias no Texas e em Ohio mostram que deu certo jogar duro, mas indefinição favorece McCain
texto DE Patrícia Campos Mello e Cristiano Dias do ESTADO DE SÃO PAULO.

O renascimento da campanha de Hillary Clinton vai arrastar a definição do candidato democrata até pelo menos 22 de abril, quando ocorre a primária da Pensilvânia. A indefinição favorece o candidato republicano John McCain, que confirmou sua indicação com as vitórias de terça-feira. A recuperação de última hora da campanha de Hillary, com as importantes vitórias de terça nas primárias do Texas e de Ohio, mostra que a enxurrada de ataques contra Barack Obama funcionou.

O questionamento Texas (por 51% a 48%) e de Ohio (54% a 44%). “Obama está na frente em número de delegados, mas nenhum dos dois vai chegar ao número mínimo necessário para levar a indicação - são os superdelegados que vão decidir”, diz Mary Frances. Os superdelegados, que são membros da direção do partido, congressistas e governadores.

Como a máquina partidária está nas mãos de Hillary e de Clinton, é consenso na campanha de Obama que a eleição não pode ser decidida pelos superdelegados. Para convencer os superdelegados, Hillary vai argumentar que venceu em todos os grandes Estados. E vai lançar mão do argumento Ohio. “A nação vai para onde Ohio vai”, disse a senadora ontem, referindo-se ao fato de o Estado ter votado no próximo presidente nos últimos 44 anos. Enquanto isso, Obama vai bater na tecla de que os superdelegados deveriam seguir o voto popular - apoiando, portanto, o seu nome.

Ontem, Hillary aludiu à possibilidade de uma chapa com Obama. “Talvez as coisas estejam caminhando nessa direcção, mas aí obviamente precisamos definir quem é a cabeça da chapa. O povo de Ohio disse muito claramente que eu devo ser.” das credenciais de política externa de Obama foi um dos pontos que influenciaram muitos eleitores indecisos, afirma Mary Frances Berry, professora de História e Pensamento Americano da Universidade da Pensilvânia.A campanha de Obama apelidou a tática de Hillary de “pia da cozinha” - atacar com tudo o que estiver ao alcance, esperando que alguma coisa cole. Como a tática funcionou, espera-se muita lama pela frente.

E isso é má notícia para os democratas. Enquanto eles se atacam, McCain luta para unir o Partido Republicano em torno de sua candidatura e se prepara para combater o indicado democrata.

Obama ainda está à frente em número de delegados e é matematicamente impossível para Hillary ultrapassá-lo, mesmo que ela ganhe de lavada todas as próximas primárias, algo improvável. Mas Hillary ganhou impulso com a vitória nas primárias. Para alguns figurões democratas, a escolha do adversário de McCain nas eleições de novembro seria muito menos traumática se Obama tivesse nocauteado Hillary na terça-feira. “Como em uma luta de boxe, ela estava grogue e ele perdeu a chance de colocá-la na lona”, disse Garry South, estrategista democrata, que já trabalhou para o ex-presidente Bill Clinton. Segundo ele, a direcção nacional precisa desesperadamente que a decisão saia antes da convenção, em agosto, para evitar questões que podem dividir o partido.

Uma delas diz respeito ao que fazer com os votos das primárias da Flórida e Michigan. Os Estados foram punidos pela direcção do partido com a perda de todos os seus delegados por terem antecipado a votação. A punição havia sido estabelecida em 2007, quando todos davam como certa a vitória de Hillary antes da Superterça, em fevereiro. Assim, bastava a direcção o voltar atrás e convocar os delegados de Michigan e da Flórida. O problema é que ninguém contava com a ascensão de Obama.

Seja qual for a decisão do partido, a briga não parece ter final feliz à vista. Um quarto dos eleitores de Obama, segundo pesquisa da CNN, disse que, se a vencedora for Hillary, eles votarão em McCain em novembro. Se o indicado for Obama, 10% dos eleitores de Hillary fariam o mesmo.

Publicação de
João brito Sousa

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