(Engº José Socraes)
O PAIS IRREAL e o “PENTIUM” de SÓCRATES
Por Henrique Monteiro
O PAIS IRREAL e o “PENTIUM” de SÓCRATES
Por Henrique Monteiro
Se de Cunhal se dizia que tinha uma cassete na cabeça, de Sócrates pode dizer-se que tem um 'Pentium', o microprocessador mais usado nos computadores.
Sócrates não falha. Viu-se na entrevista que concedeu à SIC e ao Expresso. Tem números concretos, tem linhas de orientação definidas, tem princípios gerais delineados e tem uma capacidade de argumentação consistente. Tal como os microprocessadores, talvez lhe falte sentimento, improviso, criatividade e previsão.
Sócrates pode dar-se ao luxo de falar deste modo porque não tem oposição de jeito (e já agora não peçam aos jornalistas que sejam eles a oposição).
Ninguém o desafia, portanto não precisa de ir à luta, ninguém se interessa pelo mundo, pelo que também ele não tem de falar do mundo; ninguém tem ideias para o futuro, pelo que a continuação da actual política lhe chega e sobra.
Além disso, Sócrates construiu um país das maravilhas que é dele e de poucos mais. No seu país as coisas correm bem - podiam correr um pouco melhor, é certo, mas no essencial os problemas estão em vias de ser solucionados. No seu país, há, aqui e ali, como no encerramento das urgências, alguma precipitação, mas é imediatamente corrigida. No seu país o desemprego está a descer e o descontentamento é de minorias. A maioria está de acordo com as políticas que o Governo delineia e as oposições são meramente demagógicas.
No seu país - e aqui Sócrates não se engana - ele vai ganhar as próximas eleições folgadamente e os seus opositores ficarão devidamente esmagados por mais quatro anos.
Tudo isto porque, neste país - e aqui entramos na triste realidade -, tanto o seu antecessor, Santana Lopes, que está em palco como líder parlamentar do PSD, como aquele que quer ser o seu sucessor, Luís Filipe Menezes, não chegam para ele e não lhe fazem sombra. Pelo contrário, o contraste é cruel e dá a Sócrates a grandeza que, verdadeiramente, lhe falta.
Depois, para lá de todas estas considerações, há o país e há o mundo. E por aí nada nos sorri.
Apesar de algumas reformas e orientações terem sido meritórias e frutuosas, nada nos indica que o Estado esteja a deixar de ser fonte de desperdício, que a Educação esteja verdadeiramente melhor (para além das estatísticas) ou que a Justiça funciona de modo mais justo. E existe ainda o espectro de uma recessão nos EUA e de abrandamento económico e falências por todo o lado.
Mas, por enquanto, sem oposição que se veja, Sócrates ainda não precisa de começar a 'processar' estas informações.
Recolha de
João Brito Sousa
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