domingo, 9 de março de 2008

DA IMPRENSA / EXPRESSO de 03 MARÇO


LONGE DO PODER
Artigo de Miguel Sousa Tavares

EXPRESSO DE Segunda-feira, 3 de Mar de 2008


Quero felicitar o Dr. MST pelo extraordinário texto que produziu.

Não estando totalmente de acordo com ele, é um texto que deveria ser estuado na faculdade de Economia da cidade

Talvez daqui saísse luz.

Dividi o texto por pontos e comentei-o

E convido todos os portugueses, especialmente os portuenses a discutirem o texto..

Acho que valeria a pena.

Assim, temos:

1 - Ciclicamente, o Porto gosta de desatar a interrogar-se sobre si próprio, numa espécie de catarse que às vezes chega a ser masoquista. Nenhuma outra cidade ou região de Portugal gasta tanto tempo a interrogar-se sobre a sua identidade e viabilidade como o Porto. Cidades como o Funchal, Braga, Viseu, Évora, bem ou mal, fazem e avançam; o Porto não faz e vive a atormentar-se para descobrir a razão. É certo que terá de haver razões, porque o diagnóstico é incontroverso: nos últimos anos, na última década, claramente, o Porto perdeu poder, influência e rentabilidade económica. Custe a quem custar, há hoje, praticamente, uma só marca em toda a cidade que é sinónimo de progresso, modernidade e prestígio, aquém e além-fronteiras: a marca FC Porto.

2 - Inevitavelmente, também, estas sessões públicas de autoflagelação terminam com a conclusão recorrente: ou se faz a regionalização ou não há futuro para o Porto. Mesmo gente que até aqui sempre recusou deixar arrastar-se pelo canto de sereia da regionalização, portuenses para quem a defesa legítima dos interesses e de maior protagonismo local não justifica a implosão do Estado, parecem agora não convencidos, mas rendidos. Se nada parece resultar e se a desmoralização alastra, venha então a regionalização, para vermos no que dá. Se for avante, vai dar desastre, como é inevitável - para o Porto e para o país inteiro.

3 - Que o Estado é demasiado centralizado, todos concordamos: é inútil e prejudicialmente centralizado. Mas que terá de haver sempre um Estado central, sob pena de, no limite absurdo em que pretenderam fazer a regionalização, nos transformarmos numa Federação de Kosovos, isso também é evidente - para todos, excepto para os oportunistas e aventureiros políticos. Mas, salvo melhor opinião, não me parece que o centralismo estatal seja a origem profunda dos males de que se reclamam os portuenses. No passado, um Estado ainda mais centralizador não impediu que o Porto conquistasse a sua autonomia. O Porto foi liberal quando o Estado era absoluto, foi culto e próspero quando o regime, sediado em Lisboa, era obscurantista e de compadrio político-económico.

4 - Os tempos mudaram, sem dúvida. Mas eu continuo a acreditar que os avanços nas sociedade se fazem de baixo para cima e não de cima para baixo. Não há divisão político-administrativa, feita por decreto experimentalista, que possa dar vida e pujança a uma região onde as forças locais não sintam que a mudança tem de começar por elas próprias e pela alteração de mentalidades e atitudes ultrapassadas. Não se é 'moderno' por decreto nem o progresso está em encostar-se às benesses do Estado e esperar que tudo corra pelo melhor. A única região de Portugal onde se julga que a independência passa por viver à custa do Estado é a Madeira. Mas basta olhar para as 'elites' locais para perceber que não têm outra alternativa.

5 - Ao contrário, eu penso desde há muito que a razão profunda para o atraso estrutural português está na crença desmedida de que o Estado há-de acorrer a todos os nossos problemas e dificuldades. É uma crença e um mal que vêm do tempo das Descobertas e do monopólio da Coroa (Colombo descobriu a América financiado por investidores e comerciantes da Andaluzia...), que se agravou com Pombal e, nos tempos modernos, encontrou o seu apogeu no salazarismo, no PREC e nos dinheiros europeus. E é um mal que vem de cima a baixo: existe entre os habitantes da Aldeia da Luz - que, em lugar de serem simplesmente expropriados para a construção de Alqueva, viram o Estado reconstruir-lhes minuciosamente, mas com infra-estruturas modernas que nunca tinham tido, a mesma aldeia, uns quilómetros ao lado - e mesmo assim se queixam porque os azulejos da cozinha não são exactamente iguais ou porque falta fazer o centro de dia, sem que lhes ocorra fazê-lo eles mesmos; e existe entre os grandes empresários de obras públicas, por exemplo, que consideram um direito adquirido ter empreitadas que custam sempre 50, 100 ou 200% a mais do que o orçamentado.

6 - Ora, no fim-de-semana passado, o Porto lá se reuniu para mais uma dessas sessões de psicoterapia de grupo, sob a candente questão "até onde irá o Norte continuar a empobrecer?" Dando de barato que o Porto e o Norte sejam uma e a mesma coisa e que as situações e problemas sejam semelhantes, o debate, tanto quanto li, resumiu-se à situação das empresas: se as empresas estão mal, o Norte está mal. E estão mal porquê?

7 - Pois, aqui é que a discussão se tornou interessante.

8 - Entrou em cena um lisboeta, António Pires de Lima, recém-retirado da política activa mas ainda dirigente do PP, e agora administrador de empresa, ao que percebi com residência no Porto. Começou ele por dizer algumas coisas acertadas e evidentes, como o facto de os empresários do Norte não terem acreditado (se bem que muito avisados...) que a globalização da economia era a sentença de morte para empresas assentes na mão-de-obra barata e não qualificada e com uma gestão familiar, ligada à propriedade e não à competência. Mas logo, alinhando pelo caderno de encargos destes encontros, veio o piscar de olho à regionalização ou 'descentralização' (que é o seu púdico sinónimo). Porque, afirmou ele com conhecimento de causa, "o poder político é uma condição fundamental para que o poder económico possa florescer" - (vide o Casino Lisboa, digo eu).

Indo ao pormenor, Pires de Lima saiu-se com este desabafo do fundo da alma e da experiência, para justificar os problemas dos empresários do Norte: "almoçam em casa ou na cantina da fábrica, enquanto que os de Lisboa vão todos ao mesmo restaurante". E explicou ainda para quem não tivesse entendido, que, "para certos campeonatos empresariais", é preciso "investir nas competências relacionais", ou seja, "em pessoas capazes de abrir as portas" do poder político. Preto no branco, eis o elogio da promiscuidade, (para não chamar pior), entre poder político e iniciativa privada. Mais de quinhentos anos depois das Descobertas ainda há quem defenda que não há vida fora da corte.

9 - Este é o tipo de discurso que os propagandistas da regionalização política adoram ouvir. Se as oportunidades de negócio, de "progresso", dependem das "competências relacionais" e estas estão lá longe em Lisboa, nada melhor que dividir Portugal em seis ou oito Terreiros do Paço e outros tantos restaurantes em cujas mesas se distribuam os dinheiros públicos pela "iniciativa privada". Infelizmente, o dr. Pires de Lima não está errado nem mentiu aos seus anfitriões do Norte: é mesmo assim que as coisas se passam. Só é pena que um responsável político, em lugar de combater e denunciar o sistema, trate antes de o recomendar.


MEU COMENTÁRIO.

Estranho muito este texto porque o MST que eu conheço, passa a vida a falar bem da cidade do Porto, sobretudo do seu FCPORTO e agora vem com esta do ciclicamente.

Vamos lá a ver.

1 – Pelo que vejo aqui na cidade, o Porto não gosta nada de se interrogar a si próprio e estou, portanto em total desacordo com MST.


Era efectivamente o que o Porto devia fazer mas não faz . O Porto assobia para o ar.. Vejamos: aqui há mais ou menos um mês, houve no Porto, no Palácio da Bolsa, uma reunião de dois dias sobre uma assunto importante para a cidade e para o Norte do País e daí resultou este desabafo do Reitor da UP – Deixem-se de lamúrias... e mais não sei quê.
Este desabafo do Reitor, que pôs o dedo na ferida, deveria ser ouvido e estudado. Mas, contrariando o que diz MST, o Porto não ligou patavina ao que disse o Reitor.O que é que o Porto fez? Ignorou totalmente as palavras do Reitor e continuou a debitar matéria acerca da regionalização.

Portanto, parece-me não ser verdade que o Porto se interrogue. O Porto ao ouvir as palavras do Reitor omitiu-as, não quis saber .

Estranho, estranho mesmo e muito este deitar a toalha ao chão do MST sobre a sua cidade. Porto. Mas ainda bem, reconheceu-o tarde, mas reconheceu. Agora, uma vez reconhecido, o erro quais são as sugestões a apresentar. MST esqueceu-se disso. E mais uma vez a cidade fica para trás em prol desse baluarte ... que é o FCPORTO.

FCPORTO que MST diz ser, a única (só) marca em toda a cidade que é sinónimo de progresso, modernidade e prestígio, aquém e além-fronteiras: a marca FC Porto.

Não concordo com o que MST escreve acerca do FCPORTO. Não é possível ouvir e acreditar naquilo que MST escreveu. .A mim parece-me ser o pior investimento que a cidade fez foi promover o FCPORTO, porque todo êxito do FCPORTO assenta na dúvida da honradez das vitórias.

As vitórias do FCPORTO, apesar de homologadas estão em análise nos tribunais. Estranhamente, a cidade orgulha-se disso, quando deveria ter vergonha. O próprio MST, disse num canal da TV que essas notícias que andam por aí lhe entram por um ouvido e saem por outro.

Como e possível ter MST um comportamento desta jaez, se é jornalista e deveria investigar e acarinhara notícia, não o fazendo. Que tempo gastou MST a debruçar-se sobre a notícia?.. Nenhum. Então porque é que vem dizer que não há nenhuma cidade em Portugal a interrogar-se obre a sua identidade se o Porto não gasta tempo nenhum.

É que MST é força representativa da cidade.

2 – Diz MST que estas “sessões públicas de autoflagelação terminam com a conclusão recorrente: ou se faz a regionalização ou não há futuro para o Porto.”
Destas declarações de MST infiro que a cidade do PORTO é uma cidade vencida e sem ideias, o que muito estranho, uma vez que a UP é o orgulho da cidade que diz ser a sua Universidade a maior do País.

Mas maior em quê, para que, com que objectivos se os seus investigadores (que são muitos e bons) não aparecem a terreiro a dizer como é.

3 – Mas um Estado centralizado como diz MST que Portugal é, será bom ou mau. Mas se não é este a origem profunda do mal que os portuenses reclama qual é então?
Na literatura de AQUILINO o PORTO sabia. e hoje não sabe?

Porque não pegaram na frase do Reitor que pediu para que a cidade se deixasse de lamúrias e fosse discutir os assuntos. .

Mas de uma coisa tenho eu a certeza: não é com o blogue “BÚSSOLA” do Manuel Serrão que vão lá.

4 – Diz MST que: “Não há divisão político-administrativa, feita por decreto experimentalista, que possa dar vida e pujança a uma região onde as forças locais não sintam que a mudança tem de começar por elas próprias e pela alteração de mentalidades e atitudes ultrapassadas. Não se é 'moderno' por decreto nem o progresso está em encostar-se às benesses do Estado e esperar que tudo corra pelo melhor.”

Estou inteiramente de acordo.

Começar a trabalhar para resolve r este imbróglio já.

5 – Diz MST: “Ao contrário, eu penso desde há muito que a razão profunda para o atraso estrutural português está na crença desmedida de que o Estado há-de acorrer a todos os nossos problemas e dificuldades

Perfeitamente de acordo.

6 – Muito bem MST, quando diz “... o debate, tanto quanto li, resumiu-se à situação das empresas: se as empresas estão mal, o Norte está mal. E estão mal porquê? “

Quem responde?.

7 - Mas houve discussão? Qual e o que é que deu?:::

8 - E disse o economista PIRES DE LIMA, “é preciso "investir nas competências relacionais", ou seja, "em pessoas capazes de abrir as portas" do poder político...
Preto no branco, eis o elogio da promiscuidade, (para não chamar pior), entre poder político e iniciativa privada.

Mais de quinhentos anos depois das Descobertas ainda há quem defenda que não há vida fora da corte.

Em que ficamos. Se sim vão todos para Lisboa e depois não se queixem. E se não vão para Lisboa definham.

Quem define as coisas?

9 - Fez bem ou mal Pires de Lima.?


Publicação de

João Brito Sousa

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