terça-feira, 25 de março de 2008

IMPRENSA/ Expresso


ESTÃO TODOS A TRABALHAR PARA SÓCRATES?
hmonteiro@expresso.pt

Pode ser excesso de paranóia, mas parece que todo o país político trabalha a favor da reeleição de Sócrates, da esquerda à direita. Por acção ou omissão, por confusão ou insubordinação, todos parecem dar uma ‘mãozinha’ ao líder socialista

O PS já percebeu quem é a sua oposição verdadeira: o PCP. Percebeu e percebeu bem, porque da direita (infelizmente para o equilíbrio do sistema político) não vem grande coisa.

O PSD vive, como se sabe, completamente desorientado; o CDS, com Paulo Portas de dedo em riste, não convence, soa a falso. Há qualquer coisa de lúgubre, de fúnebre nesta direita que nem se consegue explicar.

Em contrapartida o PCP está em grande. Manifestações gigantescas e luta social acesa (com razão ou sem ela) são o paraíso dos comunistas. Até nas sondagens, que não são o mais interessante para o PCP, a vida lhes corre bem.

De modo que o PS, enquanto no Parlamento se defende das estocadas de Portas e das saídas grandiloquentes de Santana, vai atacando o PCP quando e onde pode, acusando inclusive a direita de andar a reboque dos comunistas.

No meio deste filme, e como se tudo estivesse bem coreografado, aparecem uns cartazes mais radicais a comparar Sócrates com Hitler, como aconteceu na Casa do Alentejo, durante uma reunião de militares descontentes. Claro que estas palavras, bem como outros actos (manifestações em frente de comícios do PS), membros do Governo apodados de fascistas, etc., são prontamente condenados por toda a gente, incluindo o PCP, e não se sabe quem as organiza.

Porém, se a pergunta for quem é beneficiado com tais actuações, não é difícil constatar que é o próprio primeiro-ministro, que perante acusações tão estrambólicas faz o seu papel de vítima com classe..

Enquanto a direita tenta sarar feridas e se entretém a acusar-se mutuamente, surge um novo partido (MEP) que se quer situar entre o PS e o PSD. Claro que isto pode ser paranóia a mais, mas o projecto, até pela sigla, cheira imenso a ser uma espécie de MDP do PS (recorde-se que em 1974/75 o MDP servia para canalizar votos não comunistas para a órbita do PCP). Na verdade, o MEP, de Rui Marques, parece talhado a colocar (a questão está em saber se voluntária ou involuntariamente) na zona do PS os votos dos descontentes da direita.

Ou seja, tudo se conjuga, à esquerda e à direita, para que Sócrates continue mais quatro anos com maioria absoluta. E este tudo se conjuga é literal.

Parece que todos estão a trabalhar para Sócrates. O CDS, o PSD, o novo partido, a esquerda. Até alguns cronistas são tão enviesados na oposição que parecem fascinados pelo líder

Só a crise pode deter esta caminhada do PS. Mas a crise é o pior que nos pode acontecer.

MEU COMENTARIO

A política, é uma prática social onde a mentira impera mas infelizmente necessária.

Vejamos um excerto do comportamento dos políticos depois da implantação da República, que não se entende... porque não foi isto que prometeram.

A IGREJA E A PRIMEIRA REPÚBLICA

Uma vez proclamada, a república identificou-se com a luta contra a Igreja. Logo em 1910 todas as ordens religiosas foram expulsas, humilhando-se em particular os Jesuítas, que por vezes foram tratados como criminosos. EM poucos meses todos os frades e todas as freiras tinham deixado o Pais ou sido forçados a abandonar o hábito...

Encerraram-se as casas religiosas os colégios e os centros de caridade dirigidos pelas congregações, passando para o Estado todos os seus bens. Desta vez, porem, a legislação anti - clerical afectou igualmente o clero secular. Seguido de perto as leis francesas de 1905, um decreto do governo Provisório de Abril de 1911 o ministro Afonso Costa separava a Igreja do Estado, declarava livre todos os cultos ( até então, um certo número de restrições ainda impendia sobre as religiões não – católicas), proibia o ensino do cristianismo nas escolas e o ensino em geral aos clérigos, nacionalizava a propriedade da Igreja (incluindo as próprias igrejas, capelas e suas pertenças) e introduzia uma supervisão apertada nas manifestações de culto.

Foram criadas por todo o Pais comissões culturais que ficavam com o encargo de organizar o culto católico e fiscalizá-lo. Fora das igrejas, foi proibido aos clérigos o uso de veste talares (que aliás não tinha tradição em Portugal e resultava apenas da influência espanhola e italiana), assim como de procissões e outras quaisquer manifestações religiosas susceptíveis de provocar alteração pública.. Para efeitos de culto o Estado emprestava ao clero todas as igrejas e capelas, livres de quaisquer ónus..

Provisoriamente autorizava também bispos e párocos a residir nas suas moradias tradicionais, que agora passavam ao domínio público. Deixavam-se à Igreja apenas cinco seminários existentes.


Eram suprimidos todas as despesas oficiais com o culto religioso e com a manutenção do clero, tanto ao nível central como municipal, mas a lei estabelecia pensões permanentes para os padres que as requeressem.

A lei da Separação de poderes de 1911 fora precedida de várias outras leis que claramente testemunhavam da política anti – clerical da República. Assim foram abolidos os juramentos e as invocações de tipo religioso, incluindo as das escolas, suprimidos os feriados católicos e decretado obrigatório para todos o registo civil de nascimentos, e casamentos e de óbitos. Estas e outras leis – a do divórcio, causaram um descontentamento geral nas fileiras do clero Já na véspera do Natal de 1910 se havia reunido os bispos e assentado numa pastoral colectiva que foi tornada pública em fins de Fevereiro de 1911.

A questão religiosa prosseguiu durante os anos de 1911, 1912 e 1913. A maioria dos párocos renunciaram ao seu direito a pensões do Estado e só menos de 20% as requereram.

O Governo acusou os bispos de fazerem pressão sobre os padres para que recusassem as pensões e ainda para que fizessem «greve» nas suas funções religiosas. Por todo o País se defrontavam católicos e anticlericais, por vezes até ao limite da violência..

Recolha de
JOÃO BRITO SOUSA

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