sexta-feira, 21 de março de 2008

IMPRENSA/ JN PORTO


O CANTINHO DO PINA

Por outras, palavras,
Texto de Manuel, António, Pina

O vídeo ontem divulgado (disponível em http//videos.sapo.pt/va7Bw3jUosBvQQGTBYWD) é um retrato dramático da situação a que chegou o Ensino entre nós.
Numa escola do Porto, uma professora é agredida em plena sala de aula, agarrada, empurrada e perseguida por uma aluna a quem tirara o telemóvel, no meio de gritos e palmas do resto da turma.
Impotente, a professora tenta, em vão, dirigir-se à porta para sair, acossada por um magote de adolescentes que a puxam violentamente, enquanto, em "off", uma voz exulta: "Sai da frente, ó gorda!", "Altamente" "Ela vai cair!".

Sabe-se (só o Ministério o ignora) que muitas escolas são hoje um campo de batalha onde ninguém está a salvo, e que ser professor ou aluno deveria dar direito a pagamento de subsídio de risco.

Basta compulsar o número de docentes, funcionários e alunos que todos os anos recebem assistência hospitalar. A permanente campanha de desprestígio e desautorização dos professores promovida pelo actual Ministério tornou-os o elo mais frágil e desrespeitado da cadeia educativa.

O resultado está à vista. Seria interessante ver como (com que leis ou com que Estatuto do Aluno ou da Carreira Docente) reagiriam a ministra e os seus secretários de Estado na situação da professora da Escola Carolina Michaëlis.

Publicação de
João Brito Sousa

3 comentários:

  1. Agressões na Escola

    Também vi o vídeo. Também ouço falar de muito mais agressões a Professores.

    Mas quase me apetece dizer, à boa maneira do calão português, "É bem feito!"

    Eu traduzo.
    O pós Revolução que se viveu neste país, carreou uma alteração de comportamentos sociais, para os quias, em termos de educação, príncipios e hábitos de convivência democrática, não estávamos preparados. Era inevitável e consequente. Mas o lado grave da questão é o de que, em termos de quem teve nas suas mãos o poder de providenciar educação, nada ter feito nesse sentido. Ou, pior do que isso, agiu ao contrário, permitindo que se deixasse crescer toda uma juventude na presunção de que a sociedade só lhe conferia direitos, sem obrigações ou deveres para com terceiros.

    Os jovens passaram a sentir que tinham todo o direito a queixarem-se do comportamento dos pais , por maus tratos domésticos se, face ao cometimento das diabruras próprias da idade, apanhassem o merecido e educador "tabefe", no preciso momento. E, espantemo-nos, ganhavam as acções!!

    Na área do ensino primário (agora apelidado de básico), onde se tem a criança na idade adequada para se formar e aprender as regras básicas de convivência, "a menina dos cinco olhos" teve que ser jogada fora e a palmada correctora de conduta imprópria não pode mais ser aplicada, sob pena de se punir severamente o professor "agressor"!!! E nem o levantar da voz, para uma reprimenda mais séria, pode ser feito, pois logo se corre o risco de ser acusado de "usar de violência verbal"!!
    Os meninos, na sagacidade que lhes é inata, cedo se aperceberam de que castigos não havia mais e que os seus actos, fossem quais fossem, apenas tinham como consequência uma chamada dos pais à Escola, para uma conversa com a Direcção. Os pais de hoje, que assim foram educados, não são mais capazes de chegar-se a uma Professora e dizer-lhe que "pode chegar-lhe a roupa ao pêlo, se o meu filho se portar mal" mas, bem ao contrário, a mensagem é a de que "se lhe tocar num cabelo, eu faço-lhe a folha!".
    Resultado, os professores viram-se despojados de autoridade e de meios correctores, eficazes e eficientes, da má conduta dos meninos e, violentados, encontram-se vencidos.

    Os sociólogos, psicólogos e psicanalistas saberão o que estão a fazer quando defendem que a palmada (o castigo físico) é traumatizante para a criança, logo, proibitiva. Saberão?!
    É, pois, preferível deixar chegar as coisas a este estado?! Será possível educar sem o castigo físico?! Segundo aqueles peritos, parece que é preferível tentar educar, apanhando dos educandos e dos pais dos educandos. Mudança dos tempos...

    Arnaldo silva
    Felizmente reformado

    PS- A "menina" do vídeo, parece que vai ser "punida" (?!) com a transferência para outra Escola!!! Mandá-la para uma casa de correcção da conduta de menores seria muito traumatizante?!

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  2. Tenho 52 anos, apanhei algumas reguadas e graças a Deus não fiquei com qualquer trauma. Mais, não sei como é que o pessoal da minha geração conseguiu crescer sem psicólogos, sociólogos e mais outros "ólogos"...
    Lamentavelmente no pós 25 de Abril grande parte dos portugueses confundiu liberdade com libertinagem e o resultado está à vista...
    Lídia Martins

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  3. PORTO, 2008.04.03

    Cara Lídia,

    Muito obrigado pela sua visita.

    Faço minhas as suas palavras por estar totalmente de acordo com elas.

    Cumprimentos

    João Brito Sousa

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