quinta-feira, 6 de março de 2008

DA IMPRENSA/ JN PORTO


O CANTINHO DO PINA

por OUTRAS PALAVRAS
texto de Manuel António Pina

O mundo está escrito em linguagem cifrada, e a prosa das relações sociais é decerto o seu capítulo mais intrigante. O que pode levar alguém a querer formar um partido que "sublinhe mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa"?
Não seria, então, mais apropriado, em vez de um "partido", formar um "unido"? E que significa "querer" que o tal partido esteja "entre o PS e o PSD"? Imagino o antigo alto-comissário para a Imigração entrando numa livraria "Vendem livros?".
"Sim, concede o livreiro. Que livroprocura?". "Não sei, um que caiba entre outros dois que tenho na estante, nem muito alto nem muito baixo, e sobretudo que não destoe, que sublinhe mais o que os une do que o que os separa".
Com efeito, até agora, a única coisa parecida com uma ideia do partido de Rui Marques, além da vontade de "querer" meter-se no meio do engarrafamento que é o centro político em Portugal (rotunda mais frequentada e barulhenta que a de "Trafic", de Jacques Tati), é esta pérola antológica:
"O tempo tem de ser de esperança, esperança que torna real a capacidade de transformar a realidade e que nos motiva a fazer melhor, porque melhor é possível". É, tirada a papel químico, a receita de Paulo Bento para resolver a crise do Sporting. Por isso funcionará de certeza

Publicação de
João Brito Sousa

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