terça-feira, 15 de janeiro de 2008

ESTA COISA DA ESCRITA...


ESTA COISA DE ESCREVER.

Preciso de escrever e estou sempre disponível para a escrita. Falta-me muitas vezes o assunto que devo abordar, mas de uma maneira geral, surge depressa. Olho à minha volta quando isso acontece. E qualquer coisa serve para eu comentar. Depois recordo-me de muitas coisas do passado, quer distante quer próximo. Um homem tem sempre uma história para contar. .

A velhice é a paródia da vida, diz Simone de Beavoir..

Mas chegar lá tem as suas peripécias e já contei aqui muitas. Comecei a trabalhar aos dezoito anos numa profissão do meu agrado. Fiz tanta coisa mas não aprendi tudo. Estudei tanto e sei tão pouco. É evidente que não se pode saber tudo nem nunca se saberá tudo. Fiz coisas erradas numa busca incessante de fazer coisas acertadas. De tudo o que fiz hoje não vale nada, não conta para nada. Interrogo-me sobre o que devia ter feito...

E talvez tivesse havido espaço para fazer outras coisas mas não fiz. Estou quase no fim da caminhada e sinto-me de mãos a abanar. Vazio.. de alma vazia. Mas lembro-me de ter tentado. Lembro-me das vezes em que pensava acerca disso e resolvia ir deitar-me no sofá. Tinha essa mania; coisa complicada e lá ia ele para a posição horizontal. E, olhava para o telhado e pensava. Pensei tanto para nada. Estou hoje plenamente convencido que, se pensasse menos teria acertado mais... e com menor esforço.. .

Preparei-me para a vida o melhor que pude. O difícil foi escolher os caminhos, sempre tive vários caminhos. Uma vez não, mas resolvi Eu sei que o senhor anda atrás de mim, sei que o senhor quer falar comigo, mas sabe... o senhor está despedido. Não tem problema nenhum, disse eu, eu só queria que o senhor me fizesse o favor de me deixar telefonar. Concerteza, faz favor, disse-me o meu superior hierárquico que me acabava de despedir. Mas não fiquei desempregado; arranjei emprego no minuto seguinte.

Nesse meu percurso houve muita coisa que falhou, na ânsia de fazer bem, acabei por fazer tudo mal. Tudo muito pensado, cuidadosamente pensava eu. Mas pensei de mais, só deu borrada Com borrada ou não, apesar de tudo, estou convencido que o meu estatuto me colocava no lugar onde estou agora, onde impressionantemente sou dominado por aquela vontade de querer mais, que sempre me dominou. Penso que nunca fui um tipo esclarecido, andei um bocado atrás dos outros e outras vezes atras de mim próprio. Digamos que resisti.

Mas estou bem. Ando a tentar a escrever histórias. Vamos ver se consigo.

João Brito Sousa

1 comentário:

  1. Paródia da Vida

    A velhice é a paródia da Vida.
    É . Simone de Beauvoir disse-o com toda a propriedade.

    A Paródia é uma 'charge' recreativa, normalmente cómico-alegre, de algo real e passado. Desde que haja imaginação, tudo é susceptível de ser parodiado. Atitudes de políticos, comportamentos de um chefe, desenvolvimentos sociais, usos e costumes. Tudo!

    Evidentemente, a vida, a nossa vida, também pode ser objecto de paródia. Antes da velhice não há tempo nem apetência para parodiá-la. É natural. O Trabalho, a Família, o Stress do quotodiano não concedem tempo para que o façamos. É de lamentar que asssim seja. Talvez se conseguisse amenizar os efeitos de tantos problemas que vamos enfrentando, que temos que enfrentar, sem porta para fuga.

    A velhice aporta, de facto, a calma, a disponibilidade de tempo, a maturação necessárias para recrear o passado. Na imaginação. Com imaginação. Torna-se assim a paródia da própria vida.

    Só comicamente se pode intentar refazer o que a passagem dos anos tornou impossivel que seja viável levar a cabo.
    A velhice é a paródia da vida!
    Mas é bela! É reconfortante. É retemperadora. Que perdure e se prolongue, parodiando ou não a vida que foi.

    Arnaldo silva
    Felizmente reformado

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